Jeep Avenger 4xe e Jeep Compass chegam ao mercado nacional com propostas distintas, mas a mesma promessa: ir mais longe, dentro e fora da estrada.
Num mundo cada vez mais pavimentado, onde os SUV se exibem mais do que exploram terrenos agrestes, a Jeep optou por fazer precisamente o contrário. Em Santo Antão do Tojal, onde decorreu a apresentação nacional das duas mais recentes propostas, a marca trocou “passadeiras vermelhas” por pedras soltas, e os slides de PowerPoint por subidas íngremes e valas traiçoeiras. O evento juntou o novo Compass e o irreverente Avenger 4xe, mas foi este último que sujou a pintura e provou que não basta parecer SUV — é preciso ser Jeep.
Avenger 4xe: um pequeno Jeep
Esteticamente compacto, com 4,08 metros de comprimento e uma distância ao solo de 210 mm, o Jeep Avenger 4xe surpreendeu num percurso exigente onde outros modelos do segmento teriam pedido evacuação. Equipado com tração integral — cortesia de dois motores elétricos (um em cada eixo) com 21 kW, a auxiliar o motor térmico 1.2 turbo de 136 cv — mostrou que o tamanho não é tudo. E mesmo com a sua baixa estatura, mostrou-se perfeitamente à altura de troços bastante exigentes.
O sistema híbrido combina os três motores de forma inteligente, garantindo tração às quatro rodas sempre que necessário. A caixa de dupla embraiagem com seis velocidades (e-DCS6) inclui um motor elétrico incorporado, alimentado por uma bateria de iões de lítio de 48V. O segundo motor elétrico, montado no eixo traseiro, é independente e reforça a motricidade nas situações mais exigentes. A velocidade máxima está fixada nos 194 km/h, com o arranque dos 0 aos 100 km/h a fazer-se em cerca de 9,5 segundos.
Na prática, o Avenger revelou-se um pequeno guerreiro: ultrapassou inclinações severas, atravessou zonas técnicas com lama e gravilha. Só vacilou nos pneus — mais urbanos do que aventureiros. Três furos, todos na mesma pedra traiçoeira, serviram de lembrete: o calçado certo é meio caminho para chegar ao fim. Mas não houve drama, só confirmação de que este Jeep Avenger 4xe, com os pneus adequados, pode enfrentar bem mais do que rotundas e centros comerciais.
Com um visual musculado, mas bem proporcionado, o Avenger 4xe adota ainda um novo sistema Selec-Terrain, com modos “Auto”, “Snow”, “Sand & Mud” e “Sport”, para adaptar a resposta do conjunto às condições do terreno. E, isso, nota-se: há competência real, apesar do ar citadino. A suspensão foi recalibrada para absorver melhor as irregularidades fora de estrada, enquanto a tração integral permanente garante confiança, mesmo quando o trilho desaparece.
O preço arranca nos €32.500, posicionando o Avenger 4xe como o Jeep 4×4 mais acessível de sempre — mas sem comprometer o espírito da marca. E depois da estreia no meio das pedras e da lama, parece claro que este pequeno SUV tem ADN Jeep onde conta: no terreno.
Compass mantém as raízes
Se o Avenger 4xe quis provar que pode sujar-se, o novo Jeep Compass chega com uma missão diferente: mostrar que é possível ser versátil, tecnológico e ainda assim manter a atitude aventureira – apesar de os jornalistas não terem tido oportunidade para mais do que observar o novo modelo exposto na Quinta do Vale.
Produzido na fábrica de Melfi, em Itália, o Compass evoluiu significativamente. Com base na plataforma STLA Medium, oferece mais espaço, melhor aerodinâmica (Cx inferior a 0,3) e uma panóplia de motores para todos os gostos — do e-Hybrid de 145 cv, ao Plug-in Hybrid de 195 cv, passando por três versões 100% elétricas (BEV), com potências de 213 a 375 cv e autonomia até 650 km. Tudo isto num SUV de 4,55 metros de comprimento, com uma bagageira de 550 litros e um interior prático, com 34 litros de arrumação adicional.
As versões 100% elétricas ganham destaque com soluções como carregamento rápido a 160 kW (20-80% em 30 minutos), um carregador de bordo de 22 kW e tração integral com um motor traseiro dedicado de 49 kW, que permite um binário de 3.100 Nm nas rodas traseiras. Isto traduz-se em capacidade para enfrentar inclinações até 20%, mesmo sem tração dianteira.
O novo Compass promete ângulos de ataque (até 27°), ventral (16°) e saída (31°) competitivos, além de uma profundidade de passagem a vau até 470 mm, sublinhando a sua capacidade fora de estrada, mesmo nas versões mais urbanas.
A bordo, o conforto e a tecnologia dominam. Painéis digitais de 10” e 16”, head-up display, condução autónoma de nível 2, atualizações OTA, iluminação Matrix LED e assistências de condução avançadas tornam o Compass numa proposta de valor “premium”, mas acessível. A First Edition já disponível em Portugal, começa nos €41.000 (e-Hybrid) e nos €51.750 para a versão BEV com 213 cv e bateria de 74 kWh.
O estilo, fiel às linhas da Jeep, inclui a grelha de sete barras, cavas trapezoidais e novos detalhes, como o escudo modular antirriscos ou os para-choques reforçados, pensados para o off-road, mas também úteis em estacionamento citadino.
As cores não ficaram esquecidas, com opções inspiradas em paisagens naturais: do verde Hawaii ao preto Vulcano, passando por tons como Amazonia, Yosemite ou Antarctica — uma forma elegante de reforçar o apelo emocional da marca.
O novo Compass chega ao mercado com duas versões de lançamento já disponíveis: a First Edition e-Hybrid, equipada com motor 1.2 de 145 cv, tem um preço de €41.000, enquanto a First Edition 100% elétrica, com motor de 213 cv e bateria de 74 kWh, está disponível por €51.750. Ambas as versões oferecem um nível de equipamento bastante completo, incluindo jantes até 20″, condução autónoma de nível 2 e sistema de proteção 360°, posicionando-se no topo da gama em termos de tecnologia e conforto.
Dois caminhos, uma só assinatura
O Avenger 4xe e o Compass representam dois extremos da nova Jeep. Um pequeno aventureiro urbano que provou a sua raça no barro, outro um SUV maduro e tecnológico com ambições globais e competência real.
Ambos reforçam a promessa da marca norte-americana: mesmo na era da eletrificação, a aventura continua. E para quem ainda acha que os SUV são apenas acessórios de moda, o Avenger 4xe tem uma resposta pronta — de preferência, com pó no tejadilho, mas pneus à altura do desafio.
