O primeiro relatório, elaborado pela ANA — Aeroportos de Portugal, sobre o novo aeroporto de Lisboa já foi entregue ao Governo. Mais de 100 entidades, entre companhias aéreas, a NAV Portugal, a Autoridade Nacional da Aviação Civil, Força Aérea e municípios, foram ouvidas. No entanto, o engenheiro aeronáutico que liderou o projeto durante três décadas e que presidiu a NAV durante quatro anos, Luís Coimbra, nunca foi auscultado pela Comissão Técnica Independente.
Ao 24Horas, Luís Coimbra diz que “há interesses alheios ao mundo aeronáutico e aeroportuário que podem levar a essa situação” e critica a decisão de Alcochete para a localização do aeroporto: “Entre todas as opções estudadas, que foram muitas, o Campo de Tiro de Alcochete é a pior opção de todas.”
A opinião do engenheiro aeronáutico prende-se com a desminagem do Campo de Tiro de Alcochete, que “vai levar algum tempo” e salienta que o parecer da Comissão Técnica Independente sobre Alcochete não foi uma “decisão clara”, mas sim uma escolha preliminar.
“Penso que o Governo estará até, inclusivamente, a rever a própria opção de Alcochete. Chego forçosamente à conclusão que o Governo, ao dar, por exemplo, à Força Aérea o prazo, praticamente daqui a um ano, para escolher um novo local para um campo de tiro da Força Aérea, está obviamente a revelar que tem sérias dúvidas sobre a própria localização de Alcochete”, refere.
Qual é a melhor alternativa a Alcochete?
Luís Coimbra salienta que se o Governo quiser manter a localização do novo aeroporto na margem sul do rio Tejo, há opção viáveis que implicam menos investimentos e dá dois exemplos: “Qualquer alternativa a Alcochete, seja Rio Frio ou seja, por exemplo, a Ota, será uma solução muito mais expedita e com menos responsabilidades por parte do Estado em termos de investimentos na construção do novo aeroporto e, obviamente, as infraestruturas terrestres associadas.”
Críticas à concessionária e o possível desastre
O ex-presidente da NAV assume que pressionar a Força Aérea para encontrar uma alternativa ao campo de tiro de Alcochete num prazo de um ano é “empurrar claramente para a situação sempre desejada pelo concessionário, que é ter o aeroporto a funcionar com todos os problemas ambientais”.
Luís Coimbra acredita na possibilidade de, “em emergência e quando nada mais for possível”, se abrir a pista “que já existe do Montijo” e que fica paralela, a 10 quilómetros, da do Aeroporto Humberto Delgado. No entanto, neste cenário, “depois não há novo aeroporto nenhum, o que é um desastre para Lisboa”.