Portugal tem enfrentado várias ondas de calor, este verão. Os dias quentes podem convidar-nos a passar o dia ao sol, numa esplanada, praia ou piscina, mas há riscos associados à nossa saúde. Um médico especialista em Medicina Geral e Familiar, Paulo Almeida, recorda, ao 24Horas, que “conviver bem com o sol é possível” e que “cada estação do ano tem as suas pluralidades”: “E o verão não é exceção.”
Uma das doenças mais associadas ao sol é o cancro da pele, um dos tipos de cancro mais frequente em Portugal, segundo dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), já que a “exposição solar está diretamente ligada ao seu desenvolvimento”. Paulo Almeida esclarece que a “radiação ultravioleta (UV), sobretudo em exposições prolongadas e sem proteção, favorece o aparecimento de lesões malignas ao longo do tempo”.
Apesar de Portugal ser um “país com elevada exposição solar”, o médico garante que “conviver bem com o sol é possível”. Para isso, deve “evitar exposição direta entre as 11:00 e as 17:00, utilizar protetor solar e hidratar a pele”. Fazer uma “correta vigilância” é também fundamental, bem como consultar um “médico no caso de notar alguma alteração, nomeadamente sinais ou manchas”.
Ainda assim, há outras doenças que têm “a sua incidência aumentada nesta época” do ano. Saiba quais são e que cuidados deve adotar.
GASTROENTERITE
As gastroenterites manifestam-se através de vómitos ou diarreia. Apesar de, em alguns casos se tratar de casos virais, o especialista em Medicina Geral e Familiar salienta que, na maior parte das vezes, são provocadas pela presença de bactérias nos alimentos, pelo aumento considerável da ingestão de alimentos e álcool, bem como pelo consumo de alimentos em mau estado.
Em declarações ao 24Horas, o médico salienta que habitualmente não se trata de um problema grave e que, para o tratamento, deve ser feita uma “dieta”. A ingestão de bastantes líquidos é também essencial para “combater a desidratação”.
ALERGIAS
“A chegada das temperaturas quentes é sinónimo de sol, campos com flores, praia, piscina, o que acaba por ser o motor propulsor das alergias de exterior”, explica Paulo Almeida. Estes problemas “podem causar algum desconforto” e manifestam-se de diversas formas.
Os casos menos intensos devem ficar resolvidos com a ação de anti-histamínicos. Ainda assim, o médico destaca a importância de “consultar um especialista para estudar a origem da reação”.
CONJUNTIVITES
As conjuntivites podem “ter origem alérgica ou serem provocadas por vírus ou bactérias” e são outro dos problemas de saúde mais frequentes no verão. Costumam manifestar-se através de “prurido, inflamação e secreção ocular”. Apesar de a sua duração não costumar ir além de uma semana, alerta Paulo Almeida, é uma “doença muito contagiosa” e que, por isso, “requer alguns cuidados”.
Se tiver uma conjuntivite, já sabe, é essencial “higienizar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool gel”, de forma a evitar contagiar quem o rodeia.
QUEIMADURAS SOLARES
O tempo quente convida-nos a passar mais tempo ao sol, mas esta exposição, em excesso, acaba por provocar queimaduras solares. O médico destaca a importância de nos “expormos gradualmente ao sol” e de “evitar as horas de maior radiação solar”. Ainda que cumpra estas duas regras, saiba que deve “hidratar a pele” e “aplicar protetor solar”.
OTITES EXTERNAS
As otites externas são “uma das doenças mais frequentes nesta época” e habitualmente são causadas pela “acumulação de água no ouvido”, após um mergulho no mar ou na piscina. O especialista em Medicina Geral e Familiar lembra que um dos cuidados fundamentais a ter passa por limpar os ouvidos com uma toalha a seguir ao banho, de forma a que estejam sempre secos.
Objetos como cotonetes devem se evitados, bem como a colocação do próprio dedo no ouvido. Em caso de necessidade, as otites externas devem ser tratadas com a “aplicação de gotas tópicas e anti-inflamatório oral”.
INFEÇÕES URINÁRIAS
As infeções urinárias são mais frequentes em mulheres e particularmente mais comuns no verão, devido “à desidratação” e também ao aumento da humidade na região íntima, o que abre portas à “proliferação de microorganismos”.
Paulo Almeida destaca a importância de se “beber bastante água” e de higienizar a zona íntima “no sentido da vagina para o ânus”, de forma a tentar evitar qualquer infeção urinária. O uso de roupa interior em algodão também ajuda a evitar a doença. “Quando já se verifica esta infeção, o seu combate faz-se com recurso a antibióticos”, diz o médico.