Não sei se o eng.° Carlos Moedas sabe quem foi Francisco Keil do Amaral, ou sequer lhe passa pela cabeça...
Não sei se o eng.° Carlos Moedas sabe quem foi Francisco Keil do Amaral, ou sequer lhe passa pela cabeça o quanto a obra deste arquiteto impactou Lisboa no século XX. Ainda hoje, muitos dos seus projetos são referências da capital como, só para citar algumas das suas criações, a primeira fase do Metropolitano de Lisboa, o Parque Eduardo VII, o aeroporto da Portela (ou o que resta dele…), o edifício da ‘velha’ FIL, o Campo Grande, ou o Parque de Monsanto.
O eng.º Moedas ainda muito menos deve saber que Keil do Amaral foi um dos maiores expoentes da nossa arquitetura moderna, que ‘bebeu’ da escola nórdica e norte-americana, e que tinha da vida, dos homens e da sociedade, uma visão aberta, humanista e solidária.
O eng.° Moedas não deve saber nada, mesmo nada, de Keil do Amaral – quando muito o apelido deve soar-lhe, porventura recordado do que aprendeu na escola sobre o Hino Nacional, de que Alfredo, avô de Keil, foi um dos criadores.
A ‘cultura’ arquitetónica do eng.º Moedas deve ser tão vasta quanto o par de ‘book tables’ sobre arquitetura que deve ter na mesa da sala de sua casa, mais por serem do mesmo tom das almofadas ou fazerem ‘pandã’ com os tapetes, do que qualquer outra coisa.
Tudo isto deve ser verdade, por outras palavras, até podemos dar de barato… Mas tudo isto, leia-se, esta visível ignorância do eng.º Moedas não pode nunca servir de álibi para o inqualificável atentado de que a obra de Keil do Amaral está a ser alvo por obra e graça da Câmara Municipal de Lisboa e de quem a lidera.
De há dois anos a esta parte, com a desculpa de precisarem de restauro, o par de coroas de palmas que Keil do Amaral desenhou na década de 50 para encimar as colunas do alto do Parque Eduardo VII, e que por ali se mantiverem por quase 70 anos, estão abandonadas e atiradas num (pasme-se…) talhão vazio de um cemitério na outra ponta da cidade.
Além da vergonha alheia que esta postura inqualificável do eng.º Moedas e da autarquia da capital provoca nos lisboetas e em quem conhece a obra e a importância de Francisco Keil do Amaral, há pouco mais para dizer, para além de pedir desculpa à memória de quem, contrariamente a quem o ‘agride’ desta forma, há muito faz parte da história de Lisboa – desculpe lá, senhor arquiteto.