O mandato 2021-2025, em Oeiras, foi marcado pela tentativa de uma extrema-esquerda vanguardista, maquilhada de ecologista fofinha, torcer a vontade...
O mandato 2021-2025, em Oeiras, foi marcado pela tentativa de uma extrema-esquerda vanguardista, maquilhada de ecologista fofinha, torcer a vontade da maioria da população do Concelho, desrespeitando constantemente a democracia representativa e a vontade expressa pelos eleitores.
De nada lhes importavam os resultados eleitorais. Importava, sim, a sua própria vontade, usando todos os meios para a impor.
Foi possível quase tudo: a manipulação da população, a instrumentalização da comunicação social amiga – que lhes deu desproporcional cobertura e atenção que, como se verificou no passado dia 12 de outubro, não tem reflexo na comunidade.
Houve ainda artigos de investigação baseados em denúncias truncadas, publicação de documentos internos do Município, artigos de opinião baseados em falsidades, cafezinhos com jornalistas ou entrevistas várias com a líder local da vanguarda. Tudo isto redundou na perda do vereador que tinham, no órgão executivo municipal.
No tempo político atual, o voto de protesto na extrema-esquerda é superado pelo voto de protesto na extrema-direita. Ainda que gémeos separados à nascença, tem mais atenção o gémeo que berra mais alto (e, já agora, o mais “vulgar”). Nenhum serve, efetivamente, para nada, no que à governação diz respeito, mas se é para escolher um ativista, escolhe-se o barulhento. Alexandra Leitão também já deve ter percebido: eleitoralmente, os ativistas pouco mais fazem do que prejudicar.
Quando se perde uma eleição, e manda a humildade democrática perceber que não se ganha sempre, assume-se a derrota e segue-se a vida. As instituições continuam: somos nós que as servimos e não elas que nos servem. O normal é que assim seja. Porém, nem sempre impera a normalidade ou a humildade. Nem todos respeitamos a vontade do eleitorado. Quem se vê como vanguarda não pode aceitar perder.
Como tal, o que faz o vanguardista perde? Foge. Desaparece. E foi isso mesmo que aconteceu. Depois de anos a soltar veneno, percebeu que o Povo não ouve o que o espelho lhe diz, não é ela a “mais bonita”.
O projeto alternativo, que passava por fazer de Oeiras um Concelho rural, como foi até à revolução industrial, foi recusado. Contrariamente ao que pretendiam, os eleitores não concordaram com quem propunha que a Câmara desatasse a plantar trigo ou que impusesse, pelo menos um dia por semana, que os meninos na escola comessem prato vegetariano (não era escolher, era mesmo obrigatório).
Note o leitor: os oeirenses recusaram entrar na utopia e, consequentemente, a vereadora falta à reunião de Câmara subsequente (e última do mandato). Como ela, também faltaram todos os demais membros daquela lista. Ninguém entre os que foram candidatos naquela lista a podia substituir? Poder, podia, mas depois de tudo o que foi dito e tudo o que foi feito, a vergonha era muita.
Todavia, não é derrotado quem perde, é derrotado quem falta. Quando se perde uma batalha política perde-se apenas a batalha. Ao faltar, a vereadora indicada pelo Bloco de Esquerda perdeu a honra e desrespeitou quem nela votou e acreditou. O que dizer de uma pregadora sem honra? Nada, a própria questão diz tudo.
Agora, a questão que se impõe: o que dirão os jornalistas e os colunistas que deram suporte às falsidades propagadas? Haverá um mea culpa? Certamente, não! O que dirão, de mais esta derrota, a ativista da flotilha e líder do bloco, ou o líder do Livre? Ambos criticaram em termos menos próprios o Presidente da Câmara. Ambos previram um novo e glorioso tempo da sua vanguarda. Não dirão nada! Farão de mortos, esperando que a falta de memória política favoreça a nova oportunidade.
O seu comportamento é, pois, um manual de capitulação (temporária) para cobardes políticos. Esperarão nova oportunidade para surgir, novamente trasvestidos, iludindo com nova utopia que, a seu tempo, o Povo também rejeitará.
Francisco Rocha Gonçalves é vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras