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  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
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José Paulo Fafe

Há quase dez anos, estava Marcelo Rebelo de Sousa a espantar tudo e todos com um estilo que então, até...

Há quase dez anos, estava Marcelo Rebelo de Sousa a espantar tudo e todos com um estilo que então, até por comparação com a pose seráfica do seu antecessor, surpreendia e até encantava, tive ocasião de, respondendo a uma pergunta a esse propósito que me foi colocada numa entrevista dada em Moçambique, observar que “é muito fácil passar de indispensável a insuportável”

Ao longo destes anos, não sendo adivinho, vidente, ou mesmo bruxo, raro é o dia que não me recordo dessa minha espécie de ‘profecia’, em grande parte porque também raro foi o dia em que Marcelo não protagonizou situações no mínimo tristes, em que não faltaram dislates, figuras menos dignas, trapalhices, e até mentiras.

Desconheço se o lamentável e errático comportamento de Marcelo ao longo dos seus mandatos se resumiu a uma questão de carácter, ou se foi o peso dos anos, da solidão, ou ainda da falta de quem, a seu lado, conseguisse refrear-lhe os ímpetos mais suicidas do que assassinos, que trouxe à luz do dia este ‘outro Marcelo’, infinitamente mais capaz do pior que do melhor.

Quem o conhece, sabe bem que hoje Marcelo é um homem sem ‘círculo’ – faltam-lhe a família, os amigos, os companheiros ou seguidores políticos, tudo e todos foi perdendo ao longo destes dez anos … Ao invés de Ramalho Eanes, de Mário Soares e até do esfíngico Cavaco Silva, irá deixar Belém sem glória, memória, ou breve reconhecimento que seja, sendo que à sua volta se criou um enorme, profundo e pesado vazio.

Os portugueses dificilmente terão saudades de um homem que conseguiu, com uma destreza própria de um bombeiro pirómano, destruir o seu próprio capital político – privilegiando a maledicência e a intriga quase sempre gratuita e inconsequente, e no fundo, na verdadeira aceção do termo, traindo quem nele acreditou e confiou, por duas vezes consecutivas, através do voto.

Ou seja, deixou ser ‘indispensável’ para tornar-se ‘insuportável’. E dispensável, é claro.