Miguel Sousa Tavares, de 73 anos, afirmou que as redes sociais são uma ameaça à nossa civilização e defende a sua proibição gradual.
À conversa com a jornalista Sandra Felgueiras, no programa ‘5.ª Coluna’, no Jornal Nacional, da TVI, esta quinta-feira, 23, o comentador abordou o caso do jovem de 14 anos que, esta semana, matou a própria mãe, em Vagos, e fez duras críticas ao criador do Facebook, Mark Zuckerberg, e à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Embora frise que não acusa o magnata americano por este trágico homicídio, Sousa Tavares foi peremptório, “acuso-o de muitas coisas. Através daquela redezinha que era só para pôr os colegas da universidade em contacto, ele está a dar cabo do nosso modo de vida”. E atira que as redes sociais “vinham para informar mais gente, mas servem para desinformar mais gente através da manipulação”. “Vinham para democratizar o debate e a única coisa que fazem é promover o insulto. Vinham para ajudar as pessoas a cultivarem-se mas promovem a ignorância”, adjetivando-as como “um perigo atual e iminente às nossas democracias”.
Citando a jornalista e historiadora norte-americana Anne Applebaum, o filho de Sophia de Mello Breyner alerta para a necessidade de o velho continente tomar medidas, “a Europa tem de se defender agora ou acontece o mesmo que aconteceu nos Estados Unidos”. “Nós somos o continente do Da Vinci, do Picasso, da civilização grega, o farol da luz no mundo, e temos de manter isso”, ressalvou o escritor.
Miguel Sousa Tavares não se coibiu de apontar o dedo a Ursula von der Leyen, afirmando que esta cedeu “em toda a medida” a Donald Trump no controlo às gigantes tecnológicas. “A Europa ia começar a controlá-las, a fiscalizá-las e a tributá-las. Tudo isso caiu por terra quando a desgraçada da von der Leyen capitulou”.
Recorrendo a dados sobre o uso do telemóvel em Portugal, que revelam que os portugueses passam uma média de 10 horas por dia neste aparelho, o comentador descreve um contexto de “adição brutal” e atenta: “Estamos a criar uma geração de miúdos que não brinca, famílias disfuncionais e pequenos monstros”. Reforçando que a salvação está na rutura, “temos de começar, pouco a pouco, a proibir as redes sociais — dos mais novos até aos mais velhos. Enquanto não proibimos, temos de controlá-las. É a nossa civilização que está ameaçada”, finalizou.