É sábado de manhã e, no estádio dr. Simões Alves, em Algés, a azáfama começa cedo. São dezenas de crianças, acompanhadas pelos pais, a chegar para mais um treino na Academia Sporting – projeto que nasceu em 2010, em parceria com o União Desportiva e Recreativa de Algés (UDRA). Entre elas está Vicente, 9 anos, benfiquista assumido, mas com orgulho em vestir o jersey verde e branco. O seu ídolo? Pavlidis, avançado grego a brilhar nas águias, como confessa ao 24Horas.
Vicente tem um sonho: ser jogador de futebol. E não está sozinho. Partilha esse desejo com outros 549 jovens que treinam nesta academia, rodeada de prédios nesta vila do concelho de Oeiras, onde o talento começa a ser moldado desde bem cedo – sem pressões nenhumas em casa. “A decisão de continuar é dele”, garante o pai.
Dos 550 atletas, 350 integram equipas de formação e 200 estão nos diversos escalões de competição. “Este ano, estamos a superar todos os números. A pandemia foi dura, mas resistimos”, afirma o diretor da academia, Ricardo Antunes. Foi ele quem, em 2010, propôs a criação do polo leonino em Algés, num clube que, até então, só tinha juniores e seniores. O projeto revolucionou o UDRA.
Os melhores jogadores são promovidos às equipas de competição. Os fora de série? Têm bilhete direto para o Sporting. “Já colocámos 15 atletas em Alvalade”, revela Ricardo, com orgulho. O exemplo maior? João Palhinha. Recrutado pelo Sporting em 2013 à Academia de Sacavém, chegou a campeão nacional, brilhou no Fulham e Bayern de Munique e, hoje, atua no Tottenham Hotspur.
Mas há desafios para travar, dia após dias. A academia tem apenas um campo para todos – dos petizes aos seniores. “O que fazemos com tão pouco já é incrível! Com mais um campo seríamos excecionais”, sublinha o diretor.
Ainda assim, o foco não é a competição. Afonso Guerra, treinador de formação com apenas 21 anos, resume a filosofia da casa: “Queremos que se divirtam. Que aprendam o jogo e, acima de tudo, sejam felizes.”
