Um novo projeto de Inteligência Artificial (IA) foi criado para manter viva a memória de Vladimir Herzog, jornalista brasileiro e símbolo da resistência à ditadura militar. A iniciativa foi criada por Paulo Markun e Pedro Markun, pai e filho, que desenvolveram o chamado “Avatar-Vladimir”, uma IA biográfica construída a partir de documentos, entrevistas e textos escritos por Herzog até 1975, ano da sua morte.
“O nosso objetivo não é recriar o Herzog como se ainda estivesse vivo, mas permitir que as pessoas conversem com uma versão fiel ao seu pensamento”, explicou Pedro Markun, um dos criadores do projeto, em exclusivo ao 24Horas.
O sistema foi programado para falar apenas com base em informações anteriores à sua morte, em 25 de outubro de 1975, quando o jornalista foi assassinado numa cela do DOI-CODI, órgão militar criado durante a ditadura para combater supostos inimigos do regime.
De acordo com Paulo Markun, que também é jornalista e amigo pessoal de Herzog, “esta é uma forma de preservar a sua voz e o seu legado sem deturpar a história”: “A tecnologia aqui serve a memória, não a ficção.”
O Avatar-Vladimir foi desenvolvido com autorização da família e deixa sempre claro que é uma IA. A ideia é garantir transparência e respeito pela figura histórica.
Para os dois criadores, este tipo de tecnologia inaugura um novo género narrativo, o da IA biográfica, que combina história, ética e tecnologia: “Queremos provocar reflexão, não criar uma ilusão”, conclui Pedro Markun, ao 24Horas.