Frase do dia

  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
Search
Luís Campos Ferreira

Há uma categoria de organismos na natureza, chamada saprófitas, que se alimentam de matéria em decomposição ou já morta. Só...

Há uma categoria de organismos na natureza, chamada saprófitas, que se alimentam de matéria em decomposição ou já morta. Só prosperam com o podre que cai dos outros organismos vivos. Vivem dos restos, do que apodrece, da matéria orgânica em degradação. A sua função, dizem, é reciclar. Mas antes disso, alimentam-se da podridão dos sistemas que habitam.

Não têm propriamente um grande propósito, nem trazem grandes benefícios. Daí, não serem de grande interesse. Paralelamente, normalmente estou pouco interessado nos delírios dos bullies ideológicos, sejam de esquerda ou de direita, que se alimentam do descontentamento e exploram o pior do nosso sistema. Não acrescentam, não melhoram a vida de ninguém, e muito menos a dos que dizem defender. Mas há momentos em que o silêncio é cobardia e desta vez, achei importante usar a minha voz não vá um dia ficar sem ela.

Este texto não é para os profissionais do ressentimento que já perceberam como capitalizar o descontentamento. É sim, um alerta dirigido à minha geração, principalmente aos que ainda acreditam que vale a pena participar na vida política com sentido de responsabilidade.

Ultimamente, principalmente nas redes sociais, surgiu a moda de idolatrar mitos reciclados do passado, em apologias cansadas a ordem e honestidade. Uma espécie de ‘La Belle Époque’ para tolos. E desta vez, foi no próprio Parlamento português que se ouviu, com entusiasmo, um apelo a alguém que, entre outras proezas, deixou-nos um país pobre e atrasado, numa espécie de romantismo palerma e revisionista.

Mas sejamos práticos. A maioria dos que têm apoiado estes partidos, não aparentam estar preocupados com censuras ou com o policiamento político feito pelos media. Também não estão interessados nas incoerências de quem finge lhes dar voz. E, sejamos claros, a solução não passa por insultar quem está revoltado. O caminho será sim dar-lhes motivos para não o serem.

O populismo bacoco que tem galvanizado muita gente não é propriamente uma doença. É mais um sintoma. Atacá-lo diretamente é como tomar analgésicos para uma fratura exposta: mascara a dor, até o problema se tornar fatal.

O verdadeiro prelúdio do que vivemos hoje foi a incapacidade de reconhecer os problemas do país real. Quem, durante muito tempo, não quis ouvir estas dores, ouvias agora nas urnas e nas ruas.

Por outro lado, estes vácuos que agora são preenchidos, foram criados pelo amargo legado de quem, no passado recente, criou problemas estruturais no país em nome de ganhos de curto prazo. Foi esta irresponsabilidade, somada à fina arrogância de uma elite política, que criou um terreno fértil para o crescimento de extremos.

Dito isto, o meu apelo é simples: se levamos a política a sério, então que sejamos exigentes com quem nos representa. Leiam os programas e votem em quem julgam apresentar soluções racionais, e não em quem berra mais alto. Não se deixem encantar por falsos profetas que já há muito se esqueceram que as ideologias existem para servir as pessoas, não o contrário.