Lula da Silva, de 80 anos, recusa classificar os grupos criminosos como terroristas, devido às repercussões diplomáticas e dificuldades, para obter crédito internacional. Ainda assim, e na sequência da megaoperação levada a cabo há uma semana pelas autoridades brasileiras contra o Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro, há um projeto que vai ser votado na Câmara dos Deputados para equiparar os dois tipos de organizações.
O secretário nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Marivaldo Pereira, explicou, em declarações ao Metrópoles, a posição do Governo: “Seria impacto no crédito: o risco-país varia também de acordo com o risco de atentado terrorista. Se, do dia para a noite, você diz que o Brasil tem 100 organizações terroristas, isso dificulta o acesso a crédito.”
Além disso, a soberania do país poderá ficar em risco caso os grupos criminosos sejam considerados terroristas, como acontece na Venezuela, onde os EUA têm bombardeado embarcações com a justificação de combater o narcotráfico. “A legislação norte-americana tem justificativa a algumas violações de soberania para combate ao narcoterrorismo”, explicou Marivaldo Pereira.
Por outro lado, o secretário do Ministério da Justiça considera que a equiparação será inútil em termos de combate ao crime: “Não acrescenta nada ao endurecimento da repressão do Estado em relação à organização. A alteração nada terá um impacto, além da banalização do conceito de terrorismo.”