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  • 'Uma greve geral para reclamar o quê?', Luís Montenegro
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Quem conhece os meandros da defesa de José Sócrates no julgamento da ‘Operação Marquês’, não tem dúvidas: por muitos advogados que possam surgir ao lado do antigo primeiro-ministro no Campus de Justiça, chamem-se eles como se chamem, quem de facto está por detrás da sua complexa e às vezes estonteante estratégia de defesa, tem um nome – Walfrido Warde, um advogado brasileiro de 52 anos, com banca montada no seleto e cosmopolita bairro dos Jardins, em São Paulo. Ele é o típico ‘consiglieri’, assim uma espécie de ‘Tom Hagen’ de Sócrates…

Nos bastidores das maiores sociedades de advogados do Brasil, o nome de Walfrido Warde é sinónimo de grandes causas e de disputas envolvendo os poderes económico e político. Nos últimos anos consolidou-se como uma das figuras mais influentes, reunindo à sua volta clientes poderosos, ex-membros do governo e antigos magistrados. Construiu uma carteira de clientes que vão do doleiro (cambista ilegal) Lúcio Funaro, aos grandes empresários brasileiros ou às figuras da esquerda brasileira.

É este advogado paulista, sabe o 24Horas, que desde há alguns anos estará a aconselhar José Sócrates a gerir a sua defesa no caso ‘Operação Marquês’, nomeadamente a estratégia que passou pela inopinada renúncia de Pedro Delille, até aqui advogado do ex-primeiro ministro.

Entre colegas, Warde é conhecido pelas estratégias agressivas. Um dos métodos que mais chama a atenção é o de apresentar notificações criminais contra a parte adversa, mesmo em litígios de natureza civil. Uma tática que, muitas vezes, força um acordo. Por causa disso, o advogado ganhou entre alguns pares o trocadilho pouco simpático de “cowarde”. São métodos que levaram há uns meses a revista brasileira Piauí a descrever Warde como o advogado ‘pitbull’.

Um processo como o da ‘Operação Marquês’ parece encaixar, que nem uma luva, no perfil de Warde: a defesa de Sócrates e de outros arguidos apresentaram dezenas de requerimentos e recursos, impugnando decisões do Ministério Público e questionando a validade das provas. O processo, que começou em 2014, arrasta-se tanto que já tem prescrições de crimes no horizonte.

Como aponta a revista Piauí, Warde levou para São Paulo um modelo de operar inspirado nos escritórios de advogados de Brasília: ter como sócios pessoas oriundas dos tribunais, de autarquias e do governo federal. A prática, embora dentro da lei, ajuda a abrir portas e facilitar os contactos com o poder público.

O ‘advogado pitbull’, tal como ficou definitivamente conhecido após o perfil traçado pela Piauí ,foi, juntamente com o seu sócio Rafael Valim, uma figura com um perfil bem mais discreto, um dos defensores da tese do ‘law fare’ na defesa de Lula da Silva, aquando da sua prisão. Como refere aquela prestigiada revista brasileira, na Operação Lava Jato Warde manobrou em três frentes: advocacia agressiva, defesa do lobby e crítica à criminalização das empresas envolvidas em casos de corrupção. Além disso, o advogado publicou livros a defender a necessidade de preservar o papel económico das empresas, mesmo quando estão envolvidas em escândalos. O setor privado acima de tudo?

Nem por isso. Com o fim da ‘Lava Jato’ e a libertação de Lula, em 2019, Warde aproximou-se ainda mais da esquerda – nomeadamente da extrema-esquerda. Consolidou a relação com Guilherme Boulos, líder do PSOL, e alguém que curiosamente também é próximo de José Sócrates, a quem tem ajudado a suavizar a imagem, construindo pontes com “figurões” do mundo jurídico, promovendo reuniões e dando ideias para o plano de governo, aponta a revista Veja. Num dos casos mais recentes, chegou mesmo a representar o PSOL numa ação que pedia o bloqueio de alterações ao orçamento no Congresso. Com que argumento? A delinquência dos deputados no uso do dinheiro público em benefício próprio. Um juiz do Supremo Tribunal Judicial aceitou a ação, naquele que foi visto como mais uma intromissão do poder judicial no legislativo.

O próprio Warde costuma resumir a sua filosofia profissional em duas máximas: “Fazer de tudo para ganhar” e “saber comunicar”. Vencer é, acima de tudo, uma questão de estratégia. Em entrevista à Carta Capital assegurava que uma das suas qualidades era a lealdade aos amigos. Já os defeitos… “Se não me controlo, sou soberbo, arrogante, compulsivo, perco a paciência, sou perdulário”.

O próprio afirma inspirar-se na estética de ‘O Padrinho’, o clássico de Copolla. Apresenta-se com fatos de corte italiano, sapatos de luxo e óculos de armação espessa – os da moda. Adotou ainda o lenço de seda no bolso do blazer – um toque de elegância. Um estilo que até podia remeter para o José Sócrates do final da primeira década do século XXI, quando era tido como cliente da loja de Beverly Hills, ‘House of Bijan’, considerada a “loja mais cara do mundo”, ao lado de Steven Spielberg, Vladimir Putin, Bill Clinton ou George W. Bush.

Certo é que, chegados a 2025, José Sócrates, já com 68 anos, está acusado de 22 crimes, incluindo três de corrupção, por alegadamente ter recebido dinheiro para beneficiar o grupo Lena, o Grupo Espírito Santo (GES) e o resort Vale do Lobo. As sessões do julgamento da ‘Operação Marquês’ serão retomadas a 4 de dezembro. Até lá, Sócrates deverá indicar um novo advogado de defesa. Walfrido Warde, do outro lado do Atlântico, estará na sombra a traçar uma estratégia que, garante quem sabe, é traçada a regra e esquadro no n.º 852 da Alameda Itú, em pleno bairro dos Jardins, ali bem a dois passos da conhecida Avenida Paulista.

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