As urgências do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registaram cerca de 16 milhões de atendimentos entre 2022 e junho de 2024, um valor que representa mais do dobro da média observada nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Os números constam de um estudo sobre o acesso às urgências divulgado esta terça-feira, dia 18, pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

De acordo com o regulador, “o rácio de episódios de urgência por 100 habitantes em Portugal Continental situa-se bastante acima da média da OCDE”. Em 2023, Portugal apresentou 64 episódios por cada 100 habitantes, enquanto a média da OCDE ficou nos 26,6. As regiões do Alentejo e do Algarve registaram rácios ainda superiores à média nacional.

O estudo revela também que, em 2022, 71,8% das admissões nas urgências foram feitas por iniciativa do próprio utente, proporção que desceu para 64,4% no primeiro semestre de 2024. Em sentido inverso, aumentou o peso dos episódios referenciados pela Linha SNS 24, que atingiram 11,4% em 2024, quando nos anos anteriores não ultrapassavam os 6,5%. Segundo a ERS, esta evolução “poderá estar associada à implementação do programa Ligue Antes, Salve Vidas, que introduziu a referenciação prévia como regra de admissão nas urgências”.

Quanto aos tempos de resposta, as taxas de cumprimento dos tempos-alvo foram mais baixas nos casos de maior gravidade: em 2023, apenas 44,4% dos episódios classificados como “muito urgentes” e 65,5% dos “urgentes” foram atendidos dentro do período recomendado.

Durante o período do estudo, a ERS revela que recebeu mais de 50 mil reclamações relacionadas com os serviços de urgência, sobretudo devido a tempos de espera elevados, questões de segurança dos doentes e falhas na humanização dos cuidados.