Henrique de Freitas, de 64 anos, solicitou a desfiliação do Chega por considerar que André Ventura (42) está a desrespeitar “a dignidade da função presidencial”. Numa carta enviada ao responsável da Mesa Nacional, João Lopes Aleixo, o antigo parlamentar eleito pelo distrito de Portalegre expressa o seu desagrado com a “bandalheira” que o circo mediático do líder do partido está a transformar as eleições para Belém, em 18 de janeiro, afirmando que a sua candidatura faz parte de uma manobra que apenas pretende marcar uma posição num futuro sufrágio a primeiro-ministro.
” ‘Belém Primeiro’ devia ser o lema para que se afastasse a ideia já estabelecida de um ‘São Bento Depois’. Com ‘conversas da treta estamos a transformar em ‘bandalheira’ a mais nobre eleição em Portugal”, pode ler-se no documento a que o 24Horas teve acesso.
Em declarações exclusivas ao 24Horas, Henrique de Freitas, que outrora foi secretário de Estado aquando do Governo PSD-CDS, de Durão Barroso, arrasa o modo como o Chega está a ser conduzido, defendendo que “não existe democracia interna no partido”. O ex-deputado, que se juntou a André Ventura em 2024, reconhece existir gente muito capacitada dentro do Chega, lamentando, no entanto, que não sejam essas pessoas a serem chamadas para exercer funções.
Henrique de Freitas admite, ao 24Horas, que o Chega veio chamar a atenção para uma série de problemas estruturantes na sociedade portuguesa, e que até foi isso que o motivou a aderir ao partido, mas acusa-o, neste momento, de não saber dar resposta a esses problemas, aliás, de não saber “dar resposta a nada”.
“O Chega cresce, porque chama a atenção para um conjunto de problemas na sociedade portuguesa. Mas, depois, não lhes sabe dar respostas, porque são problemas complexos. Não sei se é por falta de pensamento ou por simplismo desse pensamento, o Chega não sabe dar resposta a nada”, reforça o ex-deputado.
Fazendo uma alusão aos cartazes de Ventura que visam a comunidade cigana, Henrique de Freitas acrescenta que o Chega está a recorrer a “cartazes perfeitamente primários, que, se fossem minimamente católicos ou cristãos, sabiam que não há nem pode ser imposta uma culpa coletiva.”
