A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, rejeitou a ideia de que a unidade de neonatologia do Hospital Dona Estefânia vá ser encerrada. No entanto, confirmou que a Unidade Local de Saúde (ULS) de São José, em Lisboa, tem em curso “um projeto para a reorganização” do serviço, devido a dificuldades de recursos humanos. A intenção é avaliar a junção das duas unidades existentes, possivelmente concentrando o serviço na Maternidade Alfredo da Costa (MAC).
Em exclusivo ao 24Horas, a ex-ministra da Saúde Ana Jorge comentou a situação, destacando que a reorganização, por si só, “não é uma má solução”, desde que a capacidade de resposta seja assegurada. Ana Jorge sublinhou que os cuidados intensivos neonatais exigem grande especialização, tanto de médicos como de enfermeiros, com estes últimos a precisarem de cerca de seis meses de formação antes de poderem atuar de forma autónoma numa unidade.
“Se todos os recursos forem corretamente transferidos para a MAC, não haverá problema. Caso contrário, corre-se o risco de não termos capacidade de resposta no serviço público”, alertou. A ex-ministra reforçou que o número de postos de cuidados intensivos e intermédios deve ser mantido para que a região de Lisboa continue a ter capacidade adequada para bebés de alto risco.
Ana Jorge acrescentou ainda que a reorganização da neonatologia é distinta da gestão das maternidades. A grande maioria dos nascimentos não requer cuidados intensivos, mas os recém-nascidos prematuros ou de alto risco dependem exclusivamente do Serviço Nacional de Saúde. A concentração de recursos, quando bem planeada, permite uma gestão mais eficiente do pessoal e garante melhores condições de atendimento.
A ULS de São José confirmou que a unidade funciona atualmente em dois polos e que a possibilidade de unir o serviço num só polo está a ser estudada, sem, no entanto, dar detalhes adicionais sobre a mudança.