O Palácio Real de Madrid acolheu esta sexta-feira, 21 de novembro, uma das cerimónias mais simbólicas do cinquentenário da restauração da monarquia espanhola. O rei Felipe VI impôs o Colar da Ordem do Tosão de Ouro à rainha emérita Sofia, ao antigo primeiro-ministro Felipe González, ao jurista Miguel Herrero y Rodríguez de Miñón e ao advogado e ex-deputado Miquel Roca Junyent.
Considerada uma das mais prestigiadas ordens de cavalaria da Europa, a distinção sublinha o contributo destas personalidades para a consolidação da democracia e para a estabilidade institucional.
A atribuição do Tosão de Ouro à rainha Sofia tem um significado particularmente expressivo. A Casa Real destaca o papel desempenhado pela rainha emérita como figura de unidade e continuidade ao longo de décadas marcadas por fortes mudanças políticas. A sua dedicação a causas sociais, culturais e humanitárias, bem como o exercício constante de funções representativas, sustentam o reconhecimento. A distinção assume, porém, uma dimensão adicional num momento em que a figura de Sofia tem ganho renovada valorização pública, após anos marcados pela exposição das controvérsias que envolveram o rei emérito Juan Carlos e que colocaram pressão sobre a instituição. Apesar de uma relação pessoal complexa e amplamente noticiada, Sofia manteve uma postura institucionalmente irrepreensível, contribuindo para preservar a imagem da Coroa nos períodos mais delicados.
A cerimónia, presidida pelos reis Felipe e Letizia e acompanhada pela princesa das Astúrias e pela infanta Sofia, integra o programa comemorativo iniciado a propósito da proclamação de Juan Carlos I em 22 de novembro de 1975. Felipe González foi distinguido pelos “serviços prestados a Espanha, à Coroa e à integração europeia”, enquanto Herrero de Miñón e Roca Junyent foram reconhecidos como dois dos “Pais da Constituição”.
Criado em 1430 pelo duque Filipe “o Bom”, para comemorar o seu casamento com a infanta Isabel de Portugal, filha de D. João I, o Tosão de Ouro mantém ainda hoje um carácter altamente seletivo. Desde o início do reinado de Felipe VI, a concessão tem sido restrita, reforçando o valor político e simbólico de cada atribuição. Apenas cinco mulheres foram condecoradas.
Existem dois ramos da Ordem do Tosão de Ouro (austríaco e espanhol. O único português vivo com o Tosão de Ouro (ramo austríaco) é D. Duarte, Duque de Bragança.
