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Luís Campos Ferreira

Com o fim do mês chegam também aquelas gripes típicas que nos transformam, por instinto, em médicos sem diploma, capazes...

Com o fim do mês chegam também aquelas gripes típicas que nos transformam, por instinto, em médicos sem diploma, capazes de diagnósticos rápidos, curas improvisadas e do inevitável rebuçado para a garganta acompanhado de chá com mel. Geralmente resulta, porque a causa é evidente – esqueci-me do casaco, apanhei frio – e a cura parece simples. Mas nem sempre é assim. Há remédios que tratam, outros que apenas suavizam os sintomas, e alguns que, em vez de curarem a doença, agravam-na. O mesmo se passa com as políticas públicas. Umas resolvem problemas, outras funcionam como placebos que fingem responder a anseios, e há ainda as que acabam por piorar exatamente aquilo que visavam resolver. As tarifas entraram nesta última categoria.

Quem seguiu as campanhas presidenciais de 2024 dos Estados Unidos percebeu que o raciocínio destes impostos foi mais patriota do que económico. Foi quase a afirmação de um nacionalismo que tentava fintar o globalismo. À primeira vista, tudo parecia lógico: subir tarifas sobre importações, tornar os produtos nacionais mais competitivos, reanimar a indústria americana, criar emprego, fazer a economia crescer. Na prática, acontece o oposto.

Os dados recentes da Tax Foundation são claros. Segundo o relatório “Trump Tariffs: Tracking the Economic Impact of the Trump Trade War” (Tax Foundation, 17 de novembro de 2025), o impacto médio das tarifas equivale a um aumento de imposto de 1.200 dólares por agregado familiar em 2025 e 1.600 em 2026. Para além disso, representam a maior subida fiscal, em percentagem do PIB, desde 1993. Ainda, é estimado que leve a uma redução de 0,6% do PIB americano e uma perda de competitividade que pode neutralizar os benefícios dos cortes fiscais anunciados. Há ainda a juntar a conta inevitável da reciprocidade estrangeira, acompanhada pelo preço da erosão de relações comerciais, que a China saberá explorar.

O risco, agora, é o regresso de uma vaga inflacionária num país onde os salários não acompanham o custo de vida. Quando a política que diz proteger os trabalhadores se transforma num encargo adicional, abre-se caminho para vitórias de candidatos que fazem desse aperto a sua bandeira, como se viu em Nova Iorque com Zohran Mamdani. Como reação, surgem da Casa Branca soluções “pensos-rápidos”, com a promessa de distribuir uma espécie de dividendos financiados pelas próprias tarifas. Entretanto, Trump já recuou nestes impostos aplicados às importações de bens alimentares essenciais, numa espécie de admissão tácita de que estas medidas podem, afinal, traduzir-se num aumento do custo de vida. O pior é que os efeitos reais das tarifas ainda não se fizeram sentir. O protecionismo muitas vezes parece boa ideia, mas raramente sobrevive ao momento em que começam a chegar as primeiras faturas. No fundo, tanto nos EUA, como na Europa, o problema está diagnosticado – o alto custo de vida-, mas a cura ainda está para ser encontrada.