O governo liderado por Luís Montenegro criou 89 novos grupos de trabalho, comissões e estruturas de coordenação nos cerca de 20 meses desde que chegou ao poder, um número que representa quase o triplo dos 27 organismos equivalentes constituídos nos primeiros 29 meses do anterior executivo chefiado por António Costa. Contrariando, assim, o que disse quando assumiu o Governo e prometeu uma guerra à burocracia dizendo ainda que a reforma do Estado era mesmo para fazer.
Os dados divulgados pelo jornal Público mostram que, apesar deste crescimento, o atual executivo reduziu o ritmo de criação de organismos, devido às muitas estruturas lançadas que continuam ativas.
Entre as estruturas mais recentes está o grupo de trabalho, criado em outubro, para preparar a transposição de uma diretiva europeia sobre regras comuns relativas aos mercados internos do gás renovável, do gás natural e do hidrogénio, seguindo metas de descarbonização.
Das 12 novas estruturas identificadas de Luís Montenegro, cinco são da área da Saúde, três são da área da Educação, duas são da área da Defesa e ainda um grupo criado para propor ao Governo posições nacionais sobre interesses geoestratégicos no setor espacial.
Várias das estruturas criadas deveriam já ter entregue relatórios ou resultados públicos. Por exemplo, o grupo responsável pelo plano estratégico para retirar os tribunais do antigo Campus de Justiça de Lisboa, instituído em novembro de 2024, tinha como prazo 31 de janeiro de 2025, foi entretanto adiado para 31 de março, contudo, até ao momento não há sinais da entrega do plano.
O mesmo se passa com o grupo encarregado da revisão da Segurança Social e com uma comissão dedicada à avaliação de empresas públicas estratégicas para eventual privatização – ambas criadas em dezembro de 2024 e sem qualquer relatório público entregue até hoje.