Milhares de titulares de cidadania portuguesa residentes em Israel formaram, na manhã de sexta-feira, longas filas junto ao complexo Cinema City Glilot, em Telavive, depois de a Embaixada de Israel em Portugal ter anunciado que iria aceitar marcações presenciais para pedidos de cidadania e renovação de passaportes, sem necessidade de agendamento prévio.
A iniciativa, que decorreu apenas sexta-feira, surgiu após meses de sobrecarga no sistema online de marcações. Segundo relata o jornal Times of Israel, o anúncio motivou uma afluência muito superior à expectável, com filas que se estendiam até aos parques de estacionamento subterrâneos do edifício. Muitos cidadãos chegaram antes do amanhecer para garantir vaga, enquanto outros desistiram ao ver a dimensão da espera.
A procura por documentos portugueses em Israel tem aumentado desde a aprovação, em 2015, da lei que permite a descendentes de judeus sefarditas afetados pela Inquisição solicitar a nacionalidade. Apesar de o Governo português ter anunciado, em 2023, o fim desta via extraordinária, a legislação acabou por ser revista, tornando o processo mais restritivo e exigindo, entre outros critérios, a comprovação de laços efetivos com Portugal, como residência mínima de três anos.
Portugal anunciou ainda que, a partir de maio de 2026, os passaportes passarão a ter validade de 10 anos. Contudo, os requerentes atendidos na sexta-feira receberão ainda documentos com validade de cinco anos, de acordo com as regras atualmente em vigor.
O interesse de cidadãos israelitas pela nacionalidade portuguesa tem crescido também devido às vantagens associadas à mobilidade europeia, ao custo de vida mais baixo em Portugal e às condições de acesso ao ensino superior. Desde os ataques de 7 de outubro de 2023, a procura intensificou-se, com muitos israelitas a procurarem um segundo passaporte como forma de segurança adicional num contexto de instabilidade.