O Kremlin descreveu como “frutuoso” o encontro realizado em Moscovo entre Vladimir Putin e o representante norte-americano, Steve Witkoff, esta terça-feira, dia 2, embora tenha sublinhado que não houve avanços concretos relativamente ao futuro dos territórios ocupados na Ucrânia.
O conselheiro diplomático russo Yuri Ushakov explicou que Washington apresentou várias ideias que poderão ser avaliadas mais tarde, mas admitiu que continua a não existir qualquer solução de compromisso. Em resposta aos jornalistas, Ushakov revelou que a sessão de trabalho, que se prolongou por cerca de cinco horas, permitiu esclarecer posições e abrir espaço para novas rondas de contatos, apesar de persistirem divergências significativas.
De acordo com o conselheiro, alguns pontos registaram aproximação, outros suscitaram críticas, mas o mais relevante é que ambos os lados manifestaram vontade de prosseguir as negociações. O homem de confiança de Putin salientou ainda que a conversa incidiu sobretudo nos princípios gerais das propostas em cima da mesa, evitando-se por agora discutir formulações específicas.
Numa breve nota publicada na rede X, o enviado russo para a área económica internacional, Kirill Dmitriev, limitou-se a assinalar que a reunião decorreu de forma “produtiva”.
Steve Witkoff, recorde-se, deslocou-se à capital russa acompanhado por Jared Kushner, genro do Presidente dos EUA, Donald Trump, que também integrou a comitiva.
Durante a reunião, Putin acusou vários países europeus de adotarem posições que, na sua visão, apenas complicam o processo diplomático. Horas antes, o chefe de Estado russo tinha advertido que o país está preparado para enfrentar uma escalada com a Europa, embora insista que não procura esse cenário.
Putin voltou igualmente a criticar França, Alemanha e Reino Unido, acusando-os de tentarem travar o esforço norte-americano para pôr termo à guerra e de introduzirem exigências consideradas inaceitáveis por Moscovo.
Os Estados Unidos tinham apresentado, há cerca de dez dias, um primeiro rascunho de 28 pontos, elaborado inicialmente sem a participação de Kiev nem dos aliados europeus, que acabou por sofrer alterações significativas após consultas com ambos. O documento voltou a ser revisto no domingo, na Florida, num encontro entre as equipas lideradas por Marco Rubio e Rustem Umerov.
Entretanto, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou esperar informações diretas da parte da delegação norte-americana após as conversações em Moscovo. Segundo disse, os próximos passos dependerão do conteúdo desses contactos. Caso considere que houve “jogo limpo”, Zelensky mostra estar disponível para um encontro, até mesmo direto, com Donald Trump.