O acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul (bloco económico e político sul-americano criado em 1991) entrou numa semana decisiva, apesar de continuar a enfrentar resistências internas no bloco europeu. O tema ganhou novo impulso com a intenção do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de assinar o acordo já este sábado, durante a cimeira do Mercosul, caso haja sinal verde político por parte da União Europeia.
Em Bruxelas, o Parlamento Europeu aprovou medidas adicionais destinadas a limitar o impacto do acordo sobre os produtores europeus. As novas regras reforçam os mecanismos de salvaguarda e permitem uma actuação mais rápida sempre que haja aumento significativo das importações oriundas do Mercosul, especialmente em sectores considerados sensíveis, como a carne bovina, as aves e outros produtos agrícolas.
Estas alterações tornam o acordo mais exigente para os países sul-americanos, abrindo espaço para a suspensão temporária de benefícios comerciais caso a União Europeia entenda que há riscos para o seu mercado interno. Ainda assim, defensores do tratado sublinham o seu valor estratégico, apontando para a necessidade de diversificação de parceiros comerciais e de reforço das relações económicas entre os dois blocos.
Do lado do Mercosul, o Brasil vê no acordo uma oportunidade para ampliar exportações e reduzir tarifas de forma gradual. No entanto, o endurecimento das condições europeias gera incerteza no sector do agronegócio, que teme que os ganhos esperados sejam limitados por exigências adicionais e barreiras regulatórias.
A Alemanha tem pressionado para que o entendimento seja concluído, alertando que a falta de acordo poderá significar o fracasso definitivo do tratado. Já países como França e Itália defendem cautela e pedem mais garantias em relação aos impactos económicos, sociais e ambientais.
Depois de mais de duas décadas de negociações, o futuro do acordo UE-Mercosul continua indefinido. A cimeira deste sábado surge como um momento-chave, podendo marcar a assinatura histórica do tratado ou, em alternativa, prolongar um impasse que se arrasta há anos.