Em declarações ao 24Horas, Miguel Relvas alertou para o perigo da Europa ser ‘ultrapassada’ pelos Estados Unidos na questão do acordo com o Mercosul, ao mesmo tempo que criticou a forma como o nosso país, através do ministro Paulo Rangel, parece estar mais preocupado com a questão palestiniana do que com a entrada em vigor de um acordo que pode ser muito importante para a economia portuguesa: “Custa-me muito ver que Portugal se preocupa muito mais, no plano externo, com a Palestina. (…) O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal não tem voz, não tem palavra e não tem, acima de tudo, iniciativa em algo que é fundamental, não só por uma questão económica, mas também por uma questão cultural e civilizacional para os países ibéricos”.
Para o antigo ministro Adjunto de Pedro Passos Coelho, as recentes alterações de poder na América do Sul, onde ainda recentemente o candidato da direita mais conservadora, José Antonio Kast, ganhou as presidenciais, pode criar um ambiente regional mais favorável a que a administração Trump se substitua à União Europeia num acordo que também os Estados Unidos não enjeitariam: “Todos nós sabemos das vantagens que existem mutuamente entre Europa e Mercosul com este acordo que, agora, interesses franceses e algum ‘suspense’ italiano estão a por em causa (…), atenção, todo este novo movimento de direita no Mercosul e também na América Latina, recentemente com a eleição do presidente Kast, no Chile, com a questão da Argentina, e o aparente sucesso de Milei, leva a que, a qualquer momento, a Europa possa ser surpreendida com um novo movimento económico do presidente Trump. Ou seja, o presidente Trumpo pode ter uma proposta – e tudo aponta nesse sentido – de apresentar uma alternativa à América do Sul e um novo acordo alternativo ao Mercosul. Está na hora de a Europa ter aqui uma posição clara”, acrescentou Relvas.
Recorde-se que o Mercosul é um espaço económico regional, de que Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguay e Venezuela são membros de pleno direito, enquanto Chile, Peru, Colômbia e Panamá possuem o estatuto de países associados.