O primeiro-ministro português chegou esta segunda-feira, dia 8, a Pequim, para uma visita oficial à China, que se inicia terça, e foi recebido na pista do aeroporto por crianças que lhe ofereceram um ramo de flores, ao qual agradeceu em mandarim. Nesta viagem, Luís Montenegro reunir-se-á com o presidente, Xi Jinping. Só depois segue para Macau e Japão.
Mas esta viagem deixou Marcelo Rebelo de Sousa desolado. Faz tempo que sonha sentar-se nos cadeirões de couro a bordo do Falcon 900, apertar os cintos e descolar para as nuvens. Mas ainda não teve esse prazer. O novo jato ao serviço das altas figuras do Estado acaba de ser estreado pelo primeiro-ministro na viagem à China.
Avião novo é como quem diz… O jato vai a caminho dos 30 anos e passou uma longa temporada em reparações na Suíça antes de entrar ao serviço.
O Falcon tem uma história atribulada que mete tráfico de cocaína, dívidas à banca, garantias e hipotecas bancárias – até que, em finais de fevereiro do ano passado, reverteu para o Estado e foi confiado à Força Aérea.
Era propriedade da OMNI, uma empresa de aviação que deixara uma dívida de cerca de 17 milhões ao Banco Português de Negócios (BPN). O banco, falido, teve de ser nacionalizado em 2008. O Governo criou então uma empresa pública, a Parvalorem, para gerir os calotes herdados do banco arruinado. A OMNI fazia parte desse vasto lote de devedores.
Em fevereiro de 2021, o avião, fretado por João Loureiro e dois parceiros de negócio brasileiros foi intercetado pela Polícia Federal, no aeroporto da Baía, momentos antes de levantar voo rumo a Cascais com 595 quilos de cocaína escondidos na fuselagem. A droga não tinha nada a ver com João Loureiro nem com a OMNI.
A Parvalorem e a OMNI chegaram, por fim, a acordo. A dívida foi renegociada – e o Falcon doado ao Estado a troco do perdão de uma parcela de seis milhões de euros. Mas o avião não estava em condições para voar em segurança. A reparação na Suíça importou em quase dez milhões de euros.