A decisão de Mariana Mortágua em fazer-se substituir enquanto deputada surgiu apenas na sequência de algum descontentamento que se fez sentir na direção do Bloco de Esquerda, onde a liderança de Mortágua começa a ser posta em causa.
A sua longa, e o consequente afastamento na prática da liderança do Bloco desde os últimos dias de agosto, altura em que decidiu alistar-se na flotilha humanitária com destino a Gaza, está a causar alguma polémica no seio daquele partido, onde dia após dia têm surgido vozes críticas.
Apesar da fraquíssima expetativa de resultados autárquicos, entre os bloquistas há quem não compreenda como é que Mariana Mortágua, em plena campanha eleitoral, pode estar ausente tanto tempo: “Este abandono cheira mais a capricho do que a qualquer outra coisa”, comentou ao 24Horas uma fonte bloquista que acusa a líder de privilegiar a componente pessoal em detrimento do partido: “A Mariana parece estar mais interessada em afirmar-se lá fora, do que fazer o trabalho político que lhe competia cá em Portugal”, refere.
Curiosamente, Mariana Mortágua fez-se substituir na Assembleia da República por Andreia Galvão, que ocupou nas últimas eleições o terceiro lugar da lista do Bloco no círculo de Lisboa, quando o seu substituto natural deveria ser Fabian Figueiredo, apontado por muitos como tendo pretensões à liderança bloquista.
Andreia Galvão é atriz, produtora e agente cultural, e nasceu em Lisboa, em 2000. É licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e Mestre em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema.