No domingo passado, dia 21, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, pese embora ter à sua disposição três voos diretos da TAP que asseguraram a ligação entre Lisboa e Nova Iorque, resolveu embarcar no voo diário da United, uma das duas companhias aéreas norte-americanas que diariamente ligam as duas cidades, para a 80.ª da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Este capricho de Rangel, que está a ficar conhecido no Palácio das Necessidades, entre outras coisas, por esse tipo de comportamentos e atitudes, custou aos cofres públicos mais de 6 mil euros, o preço de uma viagem ida e volta em classe executiva praticado pela United nesta época do ano.
A opção de Rangel por aquela companhia aérea norte-americana, em detrimento da utilização da TAP, cujo capital é detido inteiramente pelo Estado português, e onde os membros do Governo viajam gratuitamente nas suas deslocações oficiais ou em serviço, choca com uma norma que impera desde sempre no Ministério dos Negócios Estrangeiros e nos outros departamentos estatais – a utilização da TAP, sempre que existam voos da nossa companhia de bandeira.
Mas, segundo o que apurou o 24Horas junto de fontes diplomáticas, o facto de Rangel querer anunciar o reconhecimento do Estado da Palestina em Nova Iorque a tempo dos telejornais de domingo, ou seja, por volta das oito da noite portuguesas (três da tarde, no horário da Costa Leste) levou a que o chefe da diplomacia portuguesa não fizesse caso dessa ‘regra’, e optasse por uma companhia estrangeira, cujo horário do voo lhe permitisse estar em Nova Iorque a tempo.
O voo UA065, que transportou o ministro português, e onde ele se fez filmar anunciando a deslocação às Nações Unidas, descolou apenas duas horas antes do primeiro voo da TAP – exatamente as duas horas que Rangel precisou para fazer o trajeto entre o aeroporto de Newark, onde chegou passavam poucos minutos da uma da tarde, e os escritórios da Missão Portuguesa nas Nações Unidas, situados na 2.ª Avenida, e onde fez o anúncio a tempo de entrar em direto nos principais serviços noticiosos das televisões portuguesas, que tinha sido anunciado para as 20:15, hora portuguesa.
Refira-se, já agora, que o ministro dos Negócios Estrangeiros português poderia também, se o tivesse querido, ter viajado para Nova Iorque no fim da tarde de sábado, e conseguiria, até com mais tranquilidade, surgir desde a chamada ‘Big Apple’ nos ecrãs das televisões portuguesas no dia seguinte. Consultada a sua agenda, é fácil perceber que, depois de participar no Fórum Social do Porto, que decorreu na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, Rangel ainda iria a tempo de apanhar o voo TP 21, que partiu de Pedras Rubras às 18:05, e que aterrou em Newark às 21:05, hora local.
