Há alguns dias, frente às câmaras da SIC, no seu espaço habitual de comentário, José Milhazes surgiu, indignado e com aparente certeza, a garantir a pés-juntos que a Câmara Municipal de Cascais tinha dado ‘luz verde’ à construção de um templo da Igreja Ortodoxa Russa do Patriarcado de Moscovo naquela vila.
Segundo Milhazes, que alardeava um conhecimento pormenorizado do suposto projeto, do qual chegou mesmo a exibir imagens, a construção da igreja que, nas suas palavras, é na prática “um apêndice da ditadura de Putin”. estaria prestes a iniciar-se. E adiantava mesmo a suposta localização do templo: “Vai ser edificado na Rua dos Navegantes, junto ao bairro dos Pescadores”, asseverava para quem o queria ouvir.
Só que, para azar de Milhazes, nem a Rua dos Navegantes fica “junto ao bairro dos Pescadores” (o que é perdoável para um poveiro dos sete costados como é o comentador da SIC, convenhamos…), nem a Câmara Municipal de Cascais autorizou qualquer construção de um templo da Igreja Ortodoxa Russa onde quer que seja. Mais: um despacho da autarquia, pelo punho do vice-presidente Nuno Piteira Lopes, por sinal candidato da coligação Viva Cascais à presidência nas eleições do próximo dia 12, confirmou os pareceres dos serviços camarários, e indeferiu o pedido de licenciamento apresentado por aquela igreja.
A ‘invenção’ de Milhazes, que entretanto a SIC retirou do seu ’site’, não impediu, no entanto, que tanto o Chega, como uma outra candidatura à autarquia de Cascais, se apressassem a divulgar as palavras de Milhazes nas redes sociais, dando assim ainda mais eco aquilo que afinal não passou de uma ‘fake news’ – esta com uma visível e forte ‘impressão digital’ – a do próprio José Milhazes.