‘Tarrafal 1975: O Campo do Silêncio’, da autoria da jornalista e especialista em Estudos Cabo-Verdianos, Sandra Inês Cruz, relata a memória esquecida dos presos políticos que continuaram encerrados no Tarrafal já depois do 25 de Abril ter trazido a euforia da liberdade a Portugal.
Desta vez, o que prendia 58 homens era o processo de independência. Eram, igualmente, presos políticos, mas, neste caso, não concordavam com o partido que liderava o processo em Cabo Verde – O PAIGC – nem queriam, como foi alvitrado na altura, serem uma só nação em conjunto com a Guiné.
Estes homens foram presos pelo PAICG no Tarrafal por quererem outro tipo de soluções para a independência do seu país, que só se libertou da amarra ultramarina no dia 5 de julho de 1975.
Mas, conta a autora ao 24Horas, nesta altura o Tarrafal já não era o campo de morte lenta do tempo dos presos políticos portugueses. Os cabo-verdianos, apesar de estarem presos, podiam receber visitas da família, comida de fora, e abraçar e brincar com os filhos. Depois havia o outro lado, mas também mais ligeiro por esta época, dos interrogatórios.
Em pequenos grupos estes 58 homens foram saindo da prisão do Tarrafal, mas a sua memória ficou de fora dos livros de História. Através de recortes de jornais da época, documentação e depoimentos destes homens e das suas famílias, Sandra Inês Cruz recupera este pedaço de história esquecida, mas marcante para quem a viveu.
‘Tarrafal 1975: O Campo do Silêncio’, uma obra com a chancela das Edições Afrontamento, tem lançamento marcado para dia 1 de novembro, na Livraria Almedina, Lisboa.
O livro será apresentado pela jornalista Isabel Silva Costa e haverá ainda uma intervenção da diretora da coleção ‘Memoirs’, Margarida Calafate Ribeiro.