Ângela Pereira, a jovem que emocionou o País ao partilhar a sua luta contra o cancro e a sensação de abandono no hospital onde está internada, voltou a falar publicamente para esclarecer um ponto importante.
Após revelar que, no IPO Porto, “não fazem mais nada por mim, desistiram de mim, retiraram-me a medicação, deixaram de me fazer exames, para eles estou morta”, várias pessoas contactaram Ângela Pereira, oferecendo ajuda financeira. A jovem, de 23 anos, sublinha, no entanto, que o seu desabafo não teve qualquer intenção de angariar dinheiro, mas, sim, de alertar para os cuidados médicos de que necessita.

Nas suas stories do Instagram, Ângela explicou: “Não estamos a solicitar qualquer tipo de donativo ou contribuição financeira. Pedimos que tenham atenção e que não respondam a pedidos feitos em nosso nome. Informamos ainda que não foi dada autorização para que sejam divulgadas ou publicadas quaisquer mensagens, iniciativas ou conteúdos em nosso nome. Qualquer informação que circule sem confirmação direta deverá ser considerada não oficial.”
Depois de uma grande onda de solidariedade, envolvendo tanto cidadãos anónimos como figuras públicas, o IPO Porto quebrou o silêncio e descreveu o estado clínico de Ângela: apresenta um “prognóstico muito reservado” e um “contexto clínico de altíssimo risco”. O hospital acrescenta que a jovem já recebeu “terapêutica com seis linhas diferentes de quimioterapia, um autotransplante de medula óssea e um alotransplante de medula óssea a partir de um dador relacionado”.
O IPO Porto explicou também que, devido ao grau de imunossupressão causado pelos tratamentos anteriores, Ângela desenvolveu um quadro de aspergilose invasiva resistente a todos os antifúngicos disponíveis, incluindo combinações de medicamentos. “Em virtude da ineficácia dos antifúngicos em controlar a doença, foi decidido submeter a doente a uma cirurgia aos pulmões”, detalhou o hospital em comunicado enviado ao Correio da Manhã.
O hospital acrescentou que, dada a gravidade da situação, foi solicitado apoio de Cuidados Paliativos e que foi implementado um plano terapêutico personalizado em conjunto com a equipa de transplante. Ângela recebe também acompanhamento psicológico para lidar com a doença. O IPO Porto garantiu que “todas as decisões são tomadas com base na melhor evidência científica e com respeito pela dignidade dos doentes”.