O parque empresarial do Camporês é um dos temas que tem dominado a campanha autárquica em Ansião, um pequeno município de Leiria, especialmente desde que se descobriu que o mesmo tinha sido construído pela autarquia em terrenos privados.
Considerado como “o pulmão económico” de Ansião e também em larga medida de todo o norte do distrito de Leiria, tal o número de postos de trabalho que implica, o facto de estar próximo a vias de comunicação importantes como o IC8 ou a A13 sempre o tornaram atrativo para a instalação de empresas de media dimensão.
Terá sido este potencial de crescimento que levou o município local a infraestruturar a área, em 2022, para a sexta ampliação do parque em 2022, ano em que, com a devida pompa, essa ampliação foi inaugurada a 26 de maio pelo então secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Carlos Miguel.
O problema começou quando se percebe que as obras levadas a cabo pela autarquia tinham feitas em terrenos privados e sem permissão dos proprietários. O que era suposto ser uma área de expansão industrial e um polo de desenvolvimento regional passou a ser um problema, com o concelho a ver partir para outras paragens empresas inicialmente interessadas em se instalarem ali.
Mas como estamos em campanha eleitoral, eis que a autarquia, cujo presidente, António José Domingues, se recandidata ao cargo, decide apresentar a obra como concluída e pronta a ser ocupada pelas empresas que ali se pretendam instalar.
O problema é que, claro, os terrenos continuam a ser privados e nenhuma empresa poderá ali instalar-se, sem que assunto esteja resolvido: “É como plantar couves no quintal do vizinho”, comenta-se ironicamente em Ansião.
Entretanto, António Domingues vai-se desfazendo em argumentos a tentar explicar o inexplicável, apesar do incómodo que visivelmente o tema lhe provoca, cada vez que é questionado sobre esta ‘ocupação ilegal’, caso esse que poderá comprometer a sua reeleição.