Ana Rita Cavaco, de 49 anos, foi absolvida dos crimes de difamação e calúnia devido a uma publicação feita no Facebook. O caso remonta a 2020, quando a ex-bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE) comentou na rede social uma reportagem feita no Hospital Conde Ferreira, no Porto. Em entrevista exclusiva ao 24Horas, garante que “era o desfecho que esperava” e volta a denunciar aquilo que se passa nesta unidade hospitalar.
“Eu acho que o que é interessante nesta sentença, francamente não é eu ter sido absolvida (…), mas aquilo que lá vem, porque aquilo que lá vem, que foi o que motivou na altura a Ordem dos Enfermeiros a fazer a denúncia ao Ministério Público, sobre as condições que se viviam para aqueles doentes de saúde mental dentro do hospital Conto Ferreira, tem muito que ver com aquilo que se passa hoje dentro dos serviços”, afirma.
Ana Rita Cavaco refere que ficou provado em tribunal que “não havia enfermeiros em número suficiente” e que, na época, o hospital, quando questionado pela OE, mentiu sobre as identidades dos profissionais: “Quando questionado o hospital, neste caso a senhora que era a diretora clínica na altura, sobre quantos enfermeiros e quem eram (…), enviaram-nos nomes falsos de pessoas que não trabalhavam no hospital Conde Ferreira.”
Na época, a antiga bastonária acusou a diretora clínica do Hospital Conde Ferreira, Rosa Gonçalves, de “mentir com todos os dentes”. O comentário levou a médica a avançar para a Justiça para pedir uma indemnização de 40 mil euros. Ana Rita Cavaco considera o valor inflacionado, mas assegura que “cada um sabe aquilo que quer pedir”.
Ana Rita Cavaco explica que o tema da saúde mental lhe diz muito: “É uma área que me é muito cara. Sou tutora da minha mãe, que tem um problema de saúde mental desde que eu nasci. Vive numa instituição, que é a Casa da Saúde de Idanha, de longe nada parecido com aquilo que nós vimos no Hospital Conde Ferreira.”
A ex-bastonária alerta que há um “estigma muito grande” em relação à saúde mental e que estes doentes, assim como os idosos e crianças, “estão dependentes e são mais vulneráveis”. Quando questionada sobre o que a motivou a fazer a denúncia, Ana Rita Cavaco não hesita: “Foi pelas pessoas.”