“As marcas não são apenas marcas, são cicatrizes profundas”: esta é uma das mensagens que a exposição ‘Cicatrizes na Primeira Pessoa’, da Associação Movimento Oncológico Ginecológico (MOG), inaugurada na quinta-feira, dia 16, e que se manterá em exibição até 2 de novembro, no Museu da Fundação Oriente, em Lisboa, pretende transmitir. Em exclusivo ao 24Horas, a presidente da MOG, Cláudia Fraga, garante que esta é uma exposição que “nunca foi vista, que é inédita”, já que as fotografias retratam “cicatrizes de marcas, de resiliência de cancros ginecológicos, mostradas, pela primeira vez, com arte”.
Nas imagens, quem visitar a exposição, poderá ver várias mulheres, que pertencem à associação MOG, e que se uniram por esta causa. “As ‘Cicatrizes na Primeira Pessoa’ é um tributo de resiliência, de superação que nós temos das várias operações. A maior parte [das mulheres] já teve mais do que uma operação, porque já teve uma recidiva”, afirma. Cláudia Fraga garante que as fotografias da autoria de Miguel Valle de Figueiredo e Sandra Carmo revelam a resiliência feminina, ao mesmo tempo que homenageiam a Ciência, que salva vidas, e a interajuda entre o sexo feminino.
A presidente da MOG realça que estas cicatrizes marcadas nos corpos das mulheres estão relacionadas com a autoimagem, que, por sua vez, pode influenciar na saúde mental: “É muito importante que se consiga superar este estigma, que são as marcas profundas no corpo. Isto, a supervivência e a interajuda aumentam a vontade de viver. [As fotografias] são um convite para um olhar diferente das nossas próprias cicatrizes, visíveis e invisíveis, como símbolos de conquistas.”
Ao 24Horas, Cláudia Fraga já passou por cinco cirurgias e a sessão de fotografias foi iniciativa sua. “Eu sou presidente da associação e sou muito a favor da igualdade de género. Quando fiquei careca, foram os meus filhos que me raparam o cabelo e eu assumi a minha careca. Muitas das mulheres não fazem e está tudo certo, mas eu acho que se é dos carecas que elas gostam mais, então é das carecas que eles gostam mais”, conta, em tom de brincadeira.
Apesar de assumir que já não tem o corpo que teve em tempos, a presidente da MOG assume-o, tal e qual como é, e que foi para passar “essa força às colegas da associação” que as convidou a irem até à praia fazer as fotografias.

