O Senado australiano mergulhou no caos após Pauline Hanson, de 71 anos, líder do partido de direita One Nation, entrar no plenário vestida com uma burca. O gesto, que visava promover um projeto de lei para proibir a cobertura facial em espaços públicos, reacendeu os debates sobre liberdade religiosa, racismo e as políticas de imigração na Austrália.
Hanson, conhecida pelas suas posições anti-imigração e críticas ao multiculturalismo, justificou o ato como uma chamada de atenção para questões de segurança e integração e descreveu o Islão como “uma cultura e ideologia incompatível com a nossa”. No entanto, a sua intervenção foi muito criticada por outros senadores, que a acusaram de incitar o ódio e de desrespeitar a comunidade muçulmana australiana, composta por cerca de 600 mil pessoas.
A senadora Mehreen Faruqi, de 62 anos e do Partido Verde deixou duras críticas à líder do partido de direita: “Esta é uma senadora racista que demonstra racismo e islamofobia flagrantes, Presidente, e alguém deveria repreendê-la por isso”, disse. A sessão acabou por ser suspensa devido ao incidente e Mehreen Faruqi considerou que esta foi “a decisão correta”., Já Pauline Henson foi acompanhada por elementos de segurança para fora do Parlamento.

Mais tarde, explicou numa publicação nas redes sociais, o seu ponto de vista: “Hoje, usei uma burca no Senado, depois do projeto de lei do partido One Nation, que visava proibir a burca e o uso de véus que cobrem o rosto em público, foi impedido de sequer ser apresentado. Os hipócritas de sempre surtaram completamente. O facto é que, mais de 20 países ao redor do mundo já proibiram a burca, porque a reconhecem como uma ferramenta que oprime as mulheres, representa um risco à segurança nacional, incentiva o islamismo radical e ameaça a coesão social. Se esses hipócritas não querem que eu use burca, podem sempre apoiar a minha proibição. Leiam o meu direito de resposta ao que aconteceu hoje, pois fui impedida de falar no Parlamento.”
Recorde-se que em Portugal foi aprovado um projeto de lei que proíbe o uso da burca e outras vestimentas que cubram o rosto em espaços públicos. A proposta, apresentada pelo partido Chega com o apoio de outros partidos de direita, foi aprovada em geral e enfrenta críticas e debates sobre a sua constitucionalidade e impacto.
Veja o vídeo do momento: