Três dias depois de Luís Montenegro ter visitado a China, Aníbal Cavaco Silva veio esta quinta-feira criticar indiretamente o primeiro-ministro, afirmando que “a União Europeia não deve considerar a China um parceiro de confiança”.

Cavaco aproveitou uma conferência do Financial Times realizada na Nova SBE, para defender que a Europa deve adotar uma atitude de “grande firmeza face à agressividade e concorrência desleal”, e lembrou o apoio chinês à invasão russa da Ucrânia: “No diálogo com as autoridades chinesas, na defesa dos seus interesses, devemos adotar uma atitude de grande firmeza face à agressividade e concorrência desleal das suas exportações”, afirmou, naquilo que é entendido como uma crítica a Montenegro que, ainda na terça-feira, afirmou em Pequim que espera que Portugal e a China possa reforçar as suas relações: “A nossa convicção é que podemos continuar a trilhar esse caminho na base da confiança”.

Defendendo a diversificação das relações comerciais, Cavaco Silva recordou ainda a guerra comercial a que se assistiu desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, considerando que, embora o acordo comercial com a União Europeia favoreça os Estados Unidos, “com o presidente Trump, o futuro é sempre incerto”.