Dezenas de militantes do PAN apresentaram este sábado, 1 de novembro, a sua desfiliação coletiva do partido. Entre os que saem estão ativistas, autarcas e dirigentes nacionais e regionais, incluindo a ex-deputada Bebiana Cunha, que confirmou à agência Lusa ter deixado o partido.
“O PAN desvirtuou o seu ideário. Quando deixa de haver coerência ideológica, não faz sentido continuar”, afirmou Bebiana Cunha, que se filiou em 2011 e liderou o grupo parlamentar em 2021, numa altura em que o partido era liderado por André Silva. Bebiana Cunha era considerado o nome de referência do PAN no Porto, círculo pelo qual foi eleita deputada. Segundo a ex-dirigente, o partido “afastou-se do seu projeto ético e da coerência que o distinguiam”, optando por “coligações sem sentido” e mostrando “falta de autocrítica”.
A saída ocorre após uma carta aberta divulgada em julho, na qual antigos dirigentes alertavam para o afastamento dos “valores fundadores” do PAN. Entre os 35 signatários estavam Anabela Castro, Nuno Pires, Miguel Queirós e Carolina Pia.
Num novo comunicado conjunto, cinco ex-militantes – incluindo Bebiana Cunha e Miguel Queirós – afirmam que “o PAN deixou de ser quem era: a única plataforma onde as causas e o ativismo comprometido convergiam numa estrutura política organizada”. Os signatários também criticam o adiamento do congresso eletivo, previsto para maio de 2025, considerando que o partido se encontra “em situação de ilegalidade estatutária”.
A desfiliação foi anunciada simbolicamente no Dia Mundial do Veganismo. Em resposta, a direção do PAN minimizou o impacto das saídas, afirmando que o partido “tem registado um aumento constante de novas filiações”. Num comunicado, a direção destacou que muitos dos militantes agora demissionários “estavam afastados da vida ativa há meses ou anos” e que alguns “chegaram a apoiar candidaturas concorrentes nas últimas eleições”, considerando estas saídas como “o encerramento natural de um ciclo pessoal e político”.