Nove pessoas foram detidas em Itália por suspeita de angariar fundos para o grupo extremista Hamas. Através de três associações humanitárias, os suspeitos terão enviado cerca de sete milhões de euros ao Hamas nos últimos dois anos. Entre eles está Mohamed Hannoun, de 63 anos, administrador de duas das organizações humanitárias envolvidas no engodo e grande apoiante da Flotilha Sumud, a mesma onde Mariana Mortágua esteve.
Nove pessoas foram detidas no sábado, 27 de dezembro, em Itália, por serem suspeitos de angariarem milhares de euros para financiar o grupo extremista palestiniano Hamas. Segundo o jornal “Corriere della Serra”, em causa está um esquema complexo de angariação de fundos através de três associações humanitárias, que diziam estar a ajudar o povo palestiniano, com sede em Milão e Génova.
Segundo as autoridades italianas, Mohamed Hannoun, – que as autoridades acreditam pertencer à ala estrangeira do Hamas e que seja, na realidade, o líder da sua célula em Itália – e outros oito indivíduos terão usado três instituições de caridade como fachada para angariar milhões de euros destinados ao Hamas, grupo militante que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e é classificado como organização terrorista por diversos países ocidentais.
Mohamed Hannoun, de 63 anos, arquiteto residente em Génova há quase quarenta anos, é uma figura proeminente no ativismo pró-Palestina em Itália. Cidadão jordaniano, ele é presidente da Associação de Palestinos na Itália e fundador, em 1994, da Associação Beneficente de Solidariedade com o Povo Palestino (ABSPP).
Em 2023, o Departamento do Tesouro dos EUA incluiu Hannoun e a ABSPP na sua lista negra, acusando-os de envolvimento em financiamento ao terrorismo. O ativista negou consistentemente qualquer irregularidade, mantendo a natureza exclusivamente humanitária das iniciativas da associação. Mas as investigações sugerem que, sob o pretexto de auxílio humanitário, os fundos eram canalizados para actividades militares do Hamas, expondo a fragilidade dos mecanismos de controlo sobre transferências internacionais de dinheiro.
Em agosto passado, ao comentar as acusações de que seria o líder do Hamas, classificou-as como uma “farsa”, descrevendo-se simplesmente como um palestino comprometido com a defesa dos direitos de seu povo há décadas. Na ocasião, argumentou que o Hamas, tendo obtido mais de 70% dos votos em Gaza e na Cisjordânia, representa legitimamente uma parcela do povo palestino, declarando-se simpatizante de todas as facções que, na sua perspectiva, lutam por esses direitos.
O jornal italiano, “Affar 1 Taliani” avança que, após o ataque de 7 de outubro, Hannoun participou em inúmeras manifestações de solidariedade com o povo de Gaza e foi particularmente ativo no apoio à Flotilha Sumud, que também partiu de Génova com o objetivo de desafiar o bloqueio israelita, e onde participaram os portugueses Mariana Mortágua, Sofia Aparício e Miguel Duarte.