Moçambique enfrenta um agravamento significativo da malária – o país registou cerca de 10,3 milhões de casos este ano, o que representa um aumento de aproximadamente 14% em relação a 2024. Este crescimento anual evidencia que, apesar dos esforços contínuos de prevenção, a doença continua a ganhar terreno, com um número crescente de infeções. A persistência da transmissão intensa em inúmeras regiões revela limitações estruturais profundas no acesso a cuidados de saúde e nas infraestruturas de controlo deste drama.
A província de Manica destaca-se como um dos focos mais críticos desta crise sanitária: entre janeiro e outubro, registaram-se quase 984 mil casos de malária, com dezenas de mortes, sobretudo entre crianças. Este contexto mostra dramaticamente que o impacto da malária – especialmente na infância – continua a ser alarmante, representando uma das principais causas de doença e mortalidade no país. Tal intensidade evidencia que as ações de combate, embora permanentes, não têm conseguido reverter a tendência de crescimento em áreas vulneráveis.
Em 2024, o país tinha já reportado mais de 11,5 milhões de casos de malária, incluindo cerca de 67 mil hospitalizações e 358 mortes em ambiente hospitalar. No entanto, mesmo com esse volume elevado, a subida nos casos observada este ano demonstra que as medidas de controlo – como a distribuição de mosquiteiros e o acesso a tratamento – continuam claramente insuficientes. A introdução da vacina contra a malária no programa nacional de imunização, embora seja um avanço importante, não tem sido suficiente para conter o surto.
Este cenário torna urgente reforçar de forma mais agressiva e coordenada as estratégias de prevenção: é fundamental ampliar a cobertura e uso de mosquiteiros tratados, garantir diagnóstico e tratamento rápidos, e intensificar campanhas de sensibilização comunitária. A cooperação internacional e o investimento contínuo nas estruturas de saúde pública assumem um papel decisivo, mas o verdadeiro combate à malária em Moçambique depende também de melhorias internas – na vigilância epidemiológica, no acesso aos serviços de saúde e na educação sanitária. Sem estas medidas imediatas e sustentadas, o número de casos e mortes poderá continuar a aumentar, agravando ainda mais a crise de saúde e o impacto social no país