Grabiel Mithá Ribeiro, de 60 anos, foi um dos fundadores do Chega, ao lado de André Ventura (42). Era para ter sido o candidato à Câmara Municipal de Pombal, nas Autárquicas, mas desvinculou-se do partido, em setembro. E saiu zangado com o líder, que não o pôs na galeria do ‘Governo Sombra’.
Num artigo de opinião no jornal Observador, o professor universitário lança duras críticas a André Ventura, chamando-lhe várias vezes de “narcísico”, entre outros mimos, como “tóxico”: “Desvinculei-me do Chega, pois não toleraria a mim mesmo arrastar-me numa das mais escandalosas práticas de parasitismo social e subsidiodependência, a condição de deputado-joguete nas mãos de um líder narcísico incompatível com qualquer forma de sujeito coletivo, que tratou de destruir os fundamentos de uma instituição sólida que lhe servisse de filtro existencial.”
Mithá Ribeiro é moçambicano e especialista em Assuntos Africanos. Certa vez, relata, queria abordar o tema do racismo no plenário, mas Ventura não deixou. “André Ventura impediu-me de falar sobre o assunto no Parlamento e, até hoje, o tema foi banido do radar político e cívico do Chega na mais cobarde irresponsabilidade social, cívica, civilizacional.”
Os “beijinhos” enviados a André Ventura continuam. “A sua personalidade tóxica envenena o que ele mesmo semeou numa direita que não mais se pode permitir a si mesma ser infantil, primária, imoral, irracional, irresponsável, submissa a um dono”, afirma o professor.
Depois, o adjetivo “narcísico” volta a ser usado, num reforço da ideia que Mithá Ribeiro, que já foi grande camarada de André Ventura, agora tem sobre ele. E até o compara ao antigo primeiro-ministro socialista, José Socrates. “A sua impossibilidade de olhar o meio envolvente sem o filtro narcísico move-o numa cruzada insana contra o sujeito coletivo. Tal pulsão existencial alimenta no núcleo duro do seu poder interdependências pessoais deprimentes, moralmente dissolventes e socialmente danosas no caso de ser governo. O País provou do mesmo veneno com o Partido Socialista de José Sócrates.”