A esmagadora maioria dos jovens portugueses não consegue alcançar autonomia financeira e ganha abaixo do salário médio nacional. O principal entrave é o custo da habitação.
O estudo ‘ID Jovem: Juventude em Números’, do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), apresentado agora na Assembleia da República (AR), indica que sete em cada 10 jovens afirmam não conseguirem ser financeiramente autónomos. Com o objetivo de fazer um levantamento desta realidade, o documento baseou-se num inquérito realizado a 3025 jovens e vários grupos focais compreendendo pessoas entre os 15 e os 30 anos.
A maioria dos inquiridos são ainda estudantes, 72% a tempo inteiro e 10% a tempo parcial, no entanto, cerca de um terço já trabalha, 61% a tempo inteiro.
Quanto ao salário auferido pelos jovens, 82% dos trabalhadores ganham menos de 1500 euros por mês, valor abaixo daquele que é estabelecido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) com o salário médio nacional (bruto), que é de 1615 euros.
Quase metade dos jovens profissionais ganha um salário entre os 870 euros e os 1500 euros, sendo que apenas 13% recebem acima desse montante. Só 7% dos jovens vivem sozinhos, já que 82% permanecem na residência dos familiares e os restantes veem-se forçados a dividir casa com amigos ou parceiros.
“O custo elevado da habitação, aliado à precariedade laboral e salarial, condiciona profundamente a capacidade das pessoas jovens de viverem de forma autónoma”, sublinha o relatório.
O mercado de trabalho é ainda descrito como instável, competitivo, com empregos precários, repleto de estágios de longa duração e ausência de progressão profissional.