A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) realiza esta terça-feira de manhã, dia 4, um plenário no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, para denunciar “a falta de condições” dos agentes, que estão “totalmente exaustos e desmotivados”, e ainda explicar o caos que se vive nas chegadas, com a vinda de cidadãos de fora do espaço Schengen (espaço europeu de livre circulação de pessoas e mercadorias).
Além do plenário que se realiza, esta manhã, na Esquadra de Controlo e Fronteira, dirigentes da ASPP vão distribuir no exterior do aeroporto informação aos passageiros sobre a atual situação que se vive no controlo de passageiros nas fronteiras aeroportuárias, uma competência que a PSP herdou, há dois anos, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Este plenário acontece no dia em que há um maior número de voos de e para fora do espaço Schengen, o que poderá originar mais constrangimentos, uma vez que o novo Sistema de Entrada/Saída (EES) tem causado problemas, principalmente nos aeroportos de Lisboa e Faro.
“Consideramos que a terça-feira seria o dia ideal, porque temos de ter algum impacto e dar alguma dimensão para que, de uma vez por todas, quer o Governo, quer a opinião pública, perceba qual é o estado real em que se encontra o serviço nos aeroportos e a dificuldade que estamos a ter, porque parece que ninguém nos quer ouvir”, disse o presidente da ASPP, à Lusa.
Para Paulo Santos, é importante realizar, não só o plenário para ouvir os polícias, mas também estar no exterior do aeroporto, na parte das chegadas, para distribuir “algumas informações aos cidadãos, no sentido de explicar a razão pela qual os atrasos muitas vezes ocorrem”.
O presidente do maior sindicato da Polícia de Segurança Pública salientou que não consegue perceber quais os motivos que levaram o Governo a criar uma Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF) “numa PSP que está totalmente desfalcada do ponto de vista de efetivos”.
Paulo Santos mete mais o dedo na ferida, que o 24Horas tem dado conta, em primeira mão: “Constantemente, estamos a ver os comandos do País a perder capacidade nas esquadras para dar cumprimento à missão na UNEF. Os polícias estão totalmente exaustos e desmotivados com esta situação.”
Segundo o sindicalista, a ASPP tem recebido várias denúncias de polícias em “exaustão, “burnout” e desmotivação”: “Estamos a ver os nossos colegas com sobrecarga de trabalho, mas também com a ideia de que é muitas vezes passada para o exterior de que os atrasos e as dificuldades e os constrangimentos que existem nos aeroportos serão responsabilidade dos polícias. E isso nós não admitimos!”
O que está na base destes atrasos, afirmou, “não decorre daquilo que é o serviço policial em si, mas sim a falta de meios e capacidade até estrutural do aeroporto”, salientou.
O presidente da ASSP lamentou que os polícias que estão a desenvolver essa missão estejam a “levar com os impactos negativos daquilo que é a realidade atual aeroportuária”, que “não está em sintonia” com o volume de passageiros.
Paulo Santos defendeu que, além de um aumento do efetivo policial, é necessário criar condições de trabalho tecnológicas e do próprio espaço, mas principalmente deixar de tratar os polícias “como polícia ‘low cost'”, considerando que devem ser “valorizados e compensados” com a atribuição de um suplemento aeroportuário, como acontecia com os ex-inspetores do SEF.