A foca-cinzenta, que foi avistada na Marina de Cascais, voltou a surpreender. Depois de ter sido observada no início da semana, em bom estado, mas deslocada do seu habitat natural devido às depressões no Atlântico Norte, o animal protagonizou um momento inesperado durante uma nova avaliação ao animal.
Miguel Lacerda, presidente da Cascaisea, e o homem que tinha avistado a foca inicialmente, regressou às águas para avaliar o estado do animal. De acordo com o mesmo, a foca emergiu com um cabo pousado sobre a cabeça, num comportamento que Lacerda descreve como “estranho” e que pareceu ter “uma intenção de nos mostrar qualquer coisa”.
“Olhei para o António [colega que foi com Miguel Lacerda] e perguntei-lhe se tinha sido esse o sentimento com que ficou”, escreveu, admitindo que o episódio o marcou. A equipa recolheu apenas dois pedaços de lixo – outro cabo e um alcatruz – mas o encontro com a foca terá sido o momento mais marcante. “São momentos como estes que nos fazem olhar para o mar com mais amor, mais respeito e maior sentido de preservação”, acrescentou.
De referir, que um dos trabalhos mais visíveis da Cascaisea é precisamente a recolha de lixo que vem dar à costa de Cascais. Por isso mesmo, o facto de a foca ter trazido do mar aqule cabo e tê-lo deixado à mercê de ser retirado do mar, tem um simbolismo muito especial.
A foca-cinzenta, identificada como um exemplar adulto da espécie ‘Halichoerus grypus’, tinha sido vista pela primeira vez numa zona mais resguardada da marina. Na altura, Miguel Lacerda descreveu o animal como “assustado pela presença humana, mas sem sinais de lesões evidentes”, associando a sua chegada às fortes depressões atlânticas – como a recente depressão Davide – que empurram estes animais para longe das rotas habituais.
Veja o vídeo da foca a ‘devolver’ o cabo ao barco: