O diretor de segurança do Millennium de Moçambique, Ebenizário Hamela, foi detido pelo desvio de milhões das contas dos clientes.
O valor exato da fraude ainda está por apurar, mas fontes conhecedoras do processo garantem que foram desviados cerca de dois milhões de dólares.
O esquema, liderado pelo diretor de segurança e que tinha como cúmplices vários técnicos informáticos e gestores, consistia na alteração fraudulenta dos talões da movimentação das contas, incluindo extratos bancários, de grandes depositantes com elevado volume de transações. O dinheiro era desviado das contas e os registos informáticos apagados ou adulterados.

A fraude começou no balcão ‘Corporate’, destinado às grandes fortunas, e estendeu-se a outras agências. O cabecilha do esquema, Ebenizário Hamela, diretor de segurança do banco, seduziu caixas, técnicos informáticos e gestores para colaborarem nas operações de desvio de dinheiro.
O crime foi detetado por um cliente – uma instituição hospital privada, segundo as autoridades moçambicanas –, que alertou os serviços de auditoria interna do banco.
Os investigadores fixaram-se no diretor de segurança como o principal suspeito – por um motivo: Hamela tinha a sua conta pessoal, no mesmo banco, recheada com milhões e milhões de meticais. O cabecilha, segundo as autoridades, ficava com a parte de leão do dinheiro desviados. Os cúmplices levavam uns trocos.
O Millennium de Moçambique tem como acionista principal, com 66,96 por cento do capital, o banco português Millennium bcp. O Estado moçambicano tem 17,12 por cento e o Instituto Nacional de Segurança Social 4,9. Outros acionistas incluem a Empresa Moçambicana de Seguros e a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade.
Este não é o primeiro escândalo a manchar o Millennium em Moçambique. Esteve envolvido no caso das “dívidas ocultas” – esquema em que o banco concedeu créditos ilegalmente – e na aquisição fraudulenta do Banco Comercial de Moçambique.