Os kuwaitanos da Menzies Aviaton, o operador de ‘handling’ que atua nos aeroportos portugueses, devem estar a amaldiçoar o dia em que, em 2023, e na sequência da polémica que opôs a extinta Groundforce ao governo português, decidiram adquirir à TAP os 51 por cento da Sociedade Portuguesa de Handling (SPdH).
É que, ainda nem dois anos decorridos sobre a conclusão do negócio, e de terem entrado na empresa onde a TAP detém os restantes 49 por cento, a Menzies foi surpreendida com um concurso público internacional lançado pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) para escolher o operador de ‘handling’ para os aeroportos do nosso país, cujo relatório preliminar recomendou a escolha de um outro concorrente, um consórcio formado pelas empresas espanholas Clece e South, esta última pertencente ao ‘universo’ Ibéria, que, por sinal, integra o IAG, o consórcio de companhias de aviação europeias, liderado pela British Airways, e que curiosamente está na corrida à privatização da TAP.
Formalmente notificada dos resultados prévios do concurso, a Menzies já veio lamentar a decisão, deixando claro que “não concorda com a classificação atribuída”, e anunciou que irá contestar a decisão: “Com base na análise efetuada às outras propostas apresentadas, consideramos que existem múltiplos fundamentos objetivos e técnicos para contestar o relatório preliminar da ANAC.”
A Menzies, que tem sede no Reino Unido e é detida pelo grupo kuwaitiano Aglity, anunciou que irá iniciar de imediato o processo formal de recurso e recorrer a todos os meios disponíveis para garantir que a integridade e a equidade do resultado sejam plenamente revistas”, o que é interpretado por muitos como o início de uma longa ‘guerra’ jurídica em redor deste concurso.
Quem está a assessorar a Menzies em todo este processo é o escritório de advocacia VdA, enquanto o antigo ministro Pedro Mota Soares, hoje à frente da APRITEL, a associação que reúne as operadoras de telecomunicações, é o homem escolhido pelos kuwaitianos para prestar consultoria na área dos ‘public affairs’.
Entretanto, a ANAC tomou a decisão de renovar provisoriamente as licenças detidas pela Menzies nos aeroportos portugueses por mais um ano, licenças, essas, que chegariam ao seu término no mês de dezembro.