Um vídeo captado num corredor subterrâneo do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa está a provocar forte indignação nas redes sociais. O filme, onde se observam infiltrações, manchas de humidade, pintura deteriorada e o chão parcialmente alagado, foi feito pelo pai de um doente e partilhado por Pedro Chagas Freitas.
“Dizem-me que neste corredor circulam crianças doentes. Dizem-me ainda que cheira a mofo, que chove lá dentro, que está tudo a cair de podre. […] Estas paredes descascadas são uma tese completa, dizem mais sobre nós do que mil relatórios parlamentares. Um país revela-se naquilo que permite que apodreça. É absurdo, asqueroso: crianças de bata a avançarem por um corredor que parece desistir antes delas. Quem tem responsabilidade nisto tem deveres. Falhou todos. Há aqui uma ruína total: política, ética, civilizacional, emocional”, desabafa o escritor.
Confrontado em exclusivo pelo 24Horas, o IPO de Lisboa esclarece que a passagem subterrânea em causa “liga vários edifícios” e foi concebida “sobretudo para a circulação interna de profissionais e equipamentos, sem presença permanente de pessoas”. Ainda assim, admite que, pontualmente, alguns doentes possam utilizá-la, “para garantir um trajeto mais protegido da chuva”. Contudo, devido às infiltrações que ali se verificam, a instituição afirma que a circulação de utentes “deve ser ponderada, caso a caso”.
O instituto reconhece que o estado atual das instalações exige intervenção. Segundo o conselho de administração, em funções desde março, já foram apresentadas candidaturas ao PRR e alocados fundos próprios para requalificar várias áreas assistenciais e renovar equipamentos médicos. No que diz respeito a este corredor, o processo de aquisição para as obras encontra-se em curso, estando previstas “intervenções de caráter corretivo imediato”, bem como trabalhos mais profundos destinados a eliminar definitivamente as causas da infiltração.
Em paralelo, o IPO confirma, ao 24Horas, que avançou com o relançamento do projeto para a construção de um novo edifício, considerado investimento estruturante e já contemplado no Orçamento do Estado para 2026.
O instituto garante manter “total compromisso com a resolução das necessidades já identificadas” e com a melhoria das condições oferecidas tanto a utentes como a profissionais.



