Tainara Souza, de 31 anos, morreu esta quarta-feira, dia 24, dias depois de ter sido internada na sequência de um atropelamento seguido de arrastamento, alegadamente provocado pelo ex-namorado, Douglas Alves da Silva (26), na Marginal Tietê, em São Paulo.
O caso, ocorrido a 29 de novembro, tem causado forte comoção no Brasil e levou mesmo a apresentadora da ‘Edição das 18’, da GloboNews, Natuza Nery, a emocionar-se em plena emissão ao comentar as imagens do ataque.
A jornalista relatou o impacto de ter assistido ao vídeo que mostra os momentos imediatamente após o crime. “De maneira brutal, mostrou-me, ou reafirmou, o que é ser mulher num país violento como o Brasil”, afirmou.
Natuza Nery descreveu que a vítima surge já deitada no asfalto, parcialmente despida, depois de a roupa ter sido arrancada pelo atrito durante o arrastamento do corpo pela estrada. “Ela é filmada nessa condição. Alguém diz-lhe que o socorro está a caminho”, relatou.
Segundo a jornalista, um detalhe em particular marcou profundamente quem viu as imagens. Apesar da gravidade dos ferimentos e de se encontrar em estado crítico, Tainara tentou, de forma instintiva, cobrir as partes íntimas com as mãos. “Sem pele nas costas, porque foi arrancada, cobre com as duas mãos a parte íntima. Isso atingiu-me profundamente. Inconscientemente, protegeu-se para não ser exposta”, afirmou.
Ainda em direto, Natuza Nery deixou uma reflexão sobre a violência de género no país. “Todos os dias temos de ensinar os nossos filhos a nunca agredir uma mulher. E temos de ensinar as nossas filhas a nunca, nunca perdoar uma agressão psicológica e muito menos física. Caso contrário, continuaremos a ser o quinto país mais violento do mundo para as mulheres. Em média, quatro mulheres morrem todos os dias vítimas de feminicídio”, concluiu, visivelmente emocionada.
Douglas Alves da Silva foi detido no dia seguinte ao crime e permanece em prisão preventiva. O caso está a ser investigado pelas autoridades brasileiras.