A Argentina prepara-se para um momento de viragem com as eleições legislativas deste domingo, 26 de outubro, que poderão definir o rumo do governo de Javier Milei. Após um ano marcado por reformas económicas radicais e uma crescente insatisfação popular, o presidente libertário enfrenta agora o maior teste ao seu mandato. Com uma taxa de aprovação que caiu para cerca de 30%, longe dos 50% registados no início, Milei vê-se pressionado por uma crise económica persistente, inflação anual de 140% e uma taxa de pobreza que atinge 40% da população.
Na quinta-feira, dia 23, Milei encerrou a campanha, num ato marcado por símbolos grandiosos e pela retórica de confronto. Vestindo a clássica jaqueta de couro preta, Milei voltou a autoproclamar-se líder do “primeiro governo libertário do mundo” e pediu tempo para “completar a reconstrução nacional”.
Mas a euforia do evento contrastou com o cenário político real: o governo chega às urnas enfraquecido por demissões em série, derrotas legislativas e escândalos envolvendo figuras próximas, como o ex-candidato José Luis Espert, acusado de ligações com o narcotráfico.
A votação é encarada como um referendo à sua gestão e à sua capacidade de implementar reformas profundas, como a eliminação de subsídios e a privatização de serviços públicos. No entanto, estas medidas têm gerado protestos e dividido o país, com sindicatos e movimentos sociais a mobilizarem-se contra o governo. “Se Milei não conseguir fortalecer a sua base no Congresso, poderá enfrentar um ciclo de instabilidade política prolongada”, alerta um economista argentino citado pela imprensa local.
A oposição, fragmentada, mas vocal, procura capitalizar o descontentamento crescente, enquanto especialistas questionam a viabilidade das políticas de austeridade propostas. O resultado destas eleições terá impacto directo na vida dos argentinos e poderá determinar se Milei conseguirá avançar com a sua agenda ou se verá o seu governo paralisado por uma oposição fortalecida.