Marta Temido, de 51 anos, não vai apoiar António José Seguro (63) na corrida à Presidência da República, eleições marcadas para 18 de janeiro. A ex-ministra da Saúde e agora eurodeputada do PS revela que “gostava que tivesse havido uma outra constelação de candidatos”, aumentando assim a lista de socialistas que preferiam outro nome, como Augusto Santos Silva e Eduardo Ferro Rodrigues.
“Não irei apoiar nenhum dos candidatos. Vou votar, mas publicamente não irei apoiar nenhum dos candidatos”, respondeu Marta Temido, quando questionada, numa entrevista à CNN Portugal, se seguirá a indicação de voto dada por José Luís Carneiro. Recorde-se que a socialista afirmou, em julho, que apoiaria António Sampaio da Nóvoa, caso o ex-reitor da Universidade de Lisboa avançasse com uma candidatura a Belém.
Para a ex-ministra, António Sampaio da Nóvoa seria a pessoa mais indicada para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa. Por isso, Marta Temido lamenta que ninguém com um perfil semelhante tenha avançado, considerando que estamos “num momento muito importante das nossas vidas coletivas”.
CAOS NA SAÚDE
A antiga líder da pasta da Saúde repudiou, ainda, as declarações da atual ministra, na sequência da morte de uma grávida e do bebé no Hospital Amadora-Sintra. Contudo, considera que a demissão de Ana Paula Martins não ajudaria em nada: “Na minha experiência como ministra da Saúde, os portugueses habituaram-se a confiar em mim. E, quando senti que a confiança estava em causa, entendi dar um sinal. Com outros titulares, a avaliação pode ser diferente.”
Na mesma entrevista, Marta Temido recordou também o momento em que se demitiu e confessou que, olhando para trás, talvez pudesse ter ajudado mais, caso não se tivesse demitido. A ex-ministra da Saúde, recorde-se, deixou o cargo, em agosto de 2022, na sequência de um verão caótico nos serviços de ginecologia/obstetrícia. Na altura, em apenas dois meses, morreram dois bebés e uma grávida, devido à falta de profissionais de saúde.
Apesar de não pedir a demissão da ministra da Saúde, Marta Temido não se esquece de que, quando estava no lugar de Ana Paula Martins, “todo o PSD, desde Montenegro a Miguel Pinto Luz, dizia: ‘já vai tarde'”. No entanto, a socialista reconhece que o estado do SNS é, neste “momento, muito mais grave e perturbador”.