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Pedro Tadeu

Fui ver o que escrevi na última edição da geração anterior do 24horas (nessa altura escrevíamos esse nome com “h” pequenino),...

Fui ver o que escrevi na última edição da geração anterior do 24horas (nessa altura escrevíamos esse nome com “h” pequenino), saída a 29 de junho de 2010, para a qual o diretor, Nuno Azinheira, teve a gentileza de me convidar a participar por eu ter sido diretor do jornal antes dele, durante quase sete anos.

Coincidiu esse meu tempo, felizmente, com a fase de maior êxito, de vendas e de relevância jornalística, desse diário que agitou tantas vezes o país com manchetes espantosas, irreverentes, divertidas, justas e importantes.

Escrevi, então, o seguinte: “Cada jornalista que virem arriscar a carreira, o sossego, até o prestígio pessoal para publicar uma notícia que incomoda pequenos ou grandes poderes; cada jornalista que pense mais no interesse do leitor do que no interesse da corporação profissional de que faz parte; cada jornalista que, numa conferência de imprensa, coloque uma questão incómoda; cada jornalista que recuse e se indigne com a rotina preguiçosa e o conformismo subserviente das redações; cada jornalista que, em suma, tenha no gene a coragem e o desassombro que deveriam ser obrigatórios na profissão; cada jornalista destes, uma raridade, é um jornalista que só existe em Portugal porque existiram, entre 5 de maio de 1998 e 29 de junho de 2010, os jornalistas que fizeram o jornal 24horas. Pode, caro leitor, estar certo disso.”

Acho que estive certo. Desde a fundação, com a direção de José Rocha Vieira, o 24horas rompeu com o cânone jornalístico da época e procurou não se conformar com a banalidade rotineira da imprensa portuguesa.

Com estratégias editoriais diferentes, os diretores que se seguiram ao fundador, Jorge Morais, Alexandre Pais (que salvou o jornal de uma primeira ameaça de encerramento e a quem devo, quando decidiu ir para o jornal Record, a minha promoção a diretor, em fevereiro de 2003), eu próprio e o Nuno Azinheira mantiveram esse padrão de inconformismo jornalístico, então invulgar, que descrevi nesse último artigo e que foi comum a toda a história desse matutino.

Na verdade, a agressividade, a acutilância, a clareza da linguagem que hoje encontramos em muitas redações é, direta ou indiretamente, muito herdeira dessa escola de jornalistas, de brilhantes jornalistas, que se chamou 24horas me que até ajudou a chamada “imprensa de referência” a emancipar-se de preconceitos que, na realidade, tolhiam a sua liberdade.
24horas foi, aliás, a origem profissional de boa parte dos diretores, editores executivos e grandes repórteres que hoje dominam o jornalismo português.

Teve a direção do novo 24Horas (agora com “h” grande) a gentileza de me convidar a escrever no seu novo jornal.

Não faço a mínima ideia de qual é o projeto editorial, não sei que assuntos irão tratar, não tenho uma única ideia sobre como está organizada a redação, não conheço a maioria dos jornalistas que lá trabalham, ignoro os objetivos comerciais, políticos, culturais, desportivos ou outros da atual administração. Mas tenho a mesma certeza de há 15 anos: ali estão pessoas que “têm no gene a coragem e o desassombro que deveriam ser obrigatórios na profissão” que eu amo. E isso, no panorama atual da informação, no país e no mundo, não pode estar a mais, é mesmo muito necessário. Por isso, aqui estou.