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Manuel Catarino

Luís Montenegro arrasta-se trôpego e indeciso com o fardo da Spinumviva às costas. Tropeça em cada frase sobre a sua...

Luís Montenegro arrasta-se trôpego e indeciso com o fardo da Spinumviva às costas. Tropeça em cada frase sobre a sua empresa familiar – e nem sabe, confuso e desnorteado, qual é o seu verdadeiro estado de espírito perante a averiguação preventiva do Ministério Público que já dura há seis meses. Numa manhã, está “tranquilo”. Horas depois, “estupefacto”. No outro dia, de tão “revoltado”, não cala o desconforto: “É uma pouca-vergonha”.

O primeiro-ministro está certo numa única coisa. Faz lembrar a Rainha Louca. Quando a família real desertava atarantada para o Brasil, por altura da primeira invasão francesa, D. Maria I foi a última a embarcar. Perdera o juízo e há mais de 10 anos que não saía do palácio de Queluz. Perante a confusão geral da debandada, a rainha, já com 73 anos, gritou para o cocheiro num assomo de lucidez: “Mais devagar, mais devagar! Vão pensar que fugimos”. Assim está Luís Montenegro. Também ele teve na novela da Spinumviva o seu único e breve momento de clarividência: “É uma pouca-vergonha”.

O Ministério Público anda há seis meses a brincar às averiguações preventivas e o primeiro-ministro, na pele de advogado manhoso em causa própria, sonega documentos, furta-se ao esclarecimento, foge às responsabilidades – um jogo que em nada dignifica as partes e a que o país assiste com espanto e nojo.

A averiguação preventiva, estranho e método que o Ministério Público desencantou há uns tempos para avaliar se há indícios de crime, é uma inutilidade: não serve para nada – a não ser para cozer em lume brando quem está a ser averiguado sem prazo. A averiguação não investiga: averigua. Os procuradores que averiguam têm tanto poder de escrutínio como qualquer um de nós: não podem ir além daquilo que é público – e dependem da boa vontade do visado em cooperar.

Luís Montenegro, pelo que se sabe, não colabora com a averiguação. Anda há dois meses para enviar uns documentos solicitados com toda a deferência pelo Ministério Público. Talvez não queira incriminar-se – e está no seu direito. Os procuradores que se amanhem. Não compete aos suspeitos fornecerem a lenha para a fogueira que os vai queimar.

A pouca-vergonha está na fraqueza do Ministério Público. Há muito que Luís Montenegro devia ter sido constituído arguido num inquérito-crime – uma investigação a sério para apurar as graves dúvidas sobre a Spinumviva, nunca esclarecidas, e os rendimentos do primeiro-ministro. Para não falar da falta de vergonha de Montenegro: tivesse ele um pingo de decência, exigia ser constituído arguido e forçava a abertura do processo. Mas isso era pedir muito. O primeiro-ministro prefere chafurdar no lodo da suspeita.