Décadas de responsabilidades políticas, cargos públicos, honrarias, notoriedade, e oportunidades sem fim… dos dois candidatos do óbvio nada se espera...
Décadas de responsabilidades políticas, cargos públicos, honrarias, notoriedade, e oportunidades sem fim… dos dois candidatos do óbvio nada se espera de diferente, de qualitativamente melhor, nada de transformador. Apenas a melancolia do politicamente adequado. Mais do mesmo e a garantia de que, um ou outro, terão desempenhos cumpridores. Porém, sem chama nem criatividade. À direita ou à esquerda, os candidatos formatados ao centro esperam que as bases de apoio dos respetivos partidos – os que sempre partilharam o poder – convençam os seus eleitores da bondade da indicação do voto. Na Presidência não farão nem mais, nem melhor, do que aquilo que os identifica e caracteriza. Por comodidade os exércitos, com o sentido do dever cumprido, votarão em disciplina, no previsível, no monótono, no desinteressante. Num país sempre adiado que não se reforma ou recria. Oportunidade perdida de ter na presidência quem pense, quem pense bem, quem possa agir de forma livre e em convicção – quem faça a grande diferença!
A originalidade poderia parecer estar do lado do candidato Ventura, mas a sorte de poder ser, simultaneamente, candidato a muita coisa desacredita a crença na sua especial e necessária vocação para o cargo de presidente da república. Para este cargo, o candidato, em concreto, oferece mais do mesmo: um discurso sem novidades, que se presta a esta ou a outra candidatura, a este ou a outro cargo público. A oferta que acrescenta, face a todas as outras, é, apenas, o aumento do volume do som com o fito de atemorizar o eleitorado com as ameaças do costume. Som alto, agitação, muita e desabrida provocação, são fatores que prejudicam a crença do eleitor na apregoada visão estadista do multi candidato.
Por seu lado, enquanto ziguezagueia, o Almirante estende redes à esquerda e à direita, sem rumo próprio. Enredando-se em permanentes contradições e declarações insensatas, aventura-se mar adentro, por águas (por ele) nunca dantes navegadas…
A sua louvada inexperiência política, proclamada como a sua grande vantagem, revelou-se fatal. O candidato sabe pouco, fala de tudo. Usurpa a vocação presidencial ao declarar querer mudar o que não depende do exercício do cargo. De quando em vez anuncia novos apoiantes, redutores, como balsas de salvação.
É recente a candidatura de Cotrim, mas já se demarca. Inova no estilo. Pensa o país e o seu contexto. É fundamentada. Realista, acredita que fazer diferente não só é possível como é urgente. É livre e pessoal. Uma esperança no panorama dos intervenientes na vida política do país. Ou seja, um Presidente!