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  • 'Embaraço-me porque votei AD', Ribeiro e Castro
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João Vasco Almeida

Diz-se que em Portugal a política é uma sala de espelhos. Entram-se líderes pela direita, saem caricaturas pela esquerda, e...

Diz-se que em Portugal a política é uma sala de espelhos. Entram-se líderes pela direita, saem caricaturas pela esquerda, e no fim já ninguém sabe se está no plenário ou numa matiné de circo. Vejamos a actual troca de cadeiras: Mariana Gaza Mortágua, tão fugidia que mais parece uma personagem de novela mexicana, seria perfeita para agarrar o JPP. Ao menos dava-se uso a um partido que vive num limbo tão discreto que podia ser confundido com um arrumo de escadas na Assembleia.

Já o socialista José Luís Carneiro, com apelido que pede pasto e tosquia, tinha lugar certo no PAN. Afinal, os carneiros estão em vias de extinção na política — os cordeiros minguam, mas as cabras multiplicam-se. E Montenegro, a quem Marcelo baptizou «rural», devia ser mandado para o CDS, a defender a lavoura, entre ceifeiras e tractores que já só existem em postais turísticos vendidos em Belém.

Entretanto, a senhora da Iniciativa Liberal merecia o Livre. Só ali há espaço para a pura desordem, esse método de governo tão português que consiste em decidir nada, mas com convicção teatral. Rui Tavares, historiador e guia de museus, encaixaria no PS: é preciso alguém que saiba escrever com rigor o obituário de um partido que insiste em viver de memórias em vez de propostas.

Nuno Melo, do CDS, tem destino inevitável: o PCP. A sua brigada de coletes vermelhos ficaria mais bem acomodada a gritar slogans sobre vacas e bezerros. No Chega, nem Ventura: ponham lá o deputado arrependido do JPP, a berrar «chega de tanta parvoíce» enquanto procura saída de emergência no plenário.

E como cereja no pastel, a senhora arredondada do PAN podia liderar o PPD, onde ultimamente o carisma foi substituído por longos silêncios, ideais para quem gosta de ruminar em paz. Quanto a Paulo Raimundo, seria sensato empurrá-lo para a Fundação Avante!, onde poderia pendurar a gravata e dedicar-se à jardinagem.

No fim sobra sempre um lugar vazio. Talvez seja o assento do eleitor, que olha para esta dança das cadeiras como quem assiste a uma comédia trágica. E sorri, claro — porque rir é o único voto que ainda não nos roubaram.

Nota: Regresso ao “24horas”, 28 anos depois de me sentar nas suas inaugurais cadeiras, rodeado de uma equipa maravilhosa e de um ambiente de combate pela verdade. Agradeço à Ana e ao José Paulo o convite. Estou feliz e espero que, semanalmente, o leitor ou leitora fique com bom humor e sorriso nos lábios. Como este jornal sempre soube ter.